1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

TRANSPLANTE RENAL DE DOADOR FALECIDO EM RECEPTOR PORTADOR DO VIRUS DA IMUNODEFICIENCIA HUMANA: AVALIAÇAO NA TERAPIA IMUNOSSUPRESSORA

Apresentação do Caso

Paciente, masculino, 46 anos, portador do HIV diagnosticada há 13 anos em uso de darunavir, ritonavir e dolutegravir, e de doença renal crônica de etiologia não esclarecida em terapia dialítica há 23 anos. Na avaliação pré-transplante, nega transfusões prévias, apresenta reatividade contra painel de 0% (Classe I e II). Ofertado rim de doador falecido, sendo, após realização de crossmatch, indicado a realização do procedimento. Não foi identificada atividade antigênica específica contra o doador (DSA). O tempo de isquemia fria de aproximadamente 12 horas, sem intercorrências no ato cirúrgico e boa perfusão imediata do enxerto. Realizada dose de indução com globulina antitimócito em dose total de 3,0 mg/kg e manutenção da imunossupressão com tacrolimus 4 mg de 12/12 horas (aproximadamente 0,15 mg/kg), micofenolato mofetila 500 mg de 12/12 horas e optado por associar corticoterapia, prednisona 30 mg/dia. No 2º dia de pós-operatório foi realizada dosagem sérica de tacrolimus, com resultado acima do limite de detecção (> 40 ng/ml). A estratégia adotada foi a redução da dose de tacrolimus e mudança da TARV do paciente, sendo utilizado dolutegravir, zidovudina e lamivudina.

Discussão

Ainda são escassos os estudos que corroborem a melhor condução no paciente portador do HIV submetido ao transplante renal. Faz-se necessária a identificação da melhor estratégia imunossupressora e a antirretroviral, visto suas complicações e as interações medicamentosas. Uma importante interação identificada no caso acima, é a relação entre inibidores da protease e inibidores da calcineurina, sendo ambos metabolizados pelas enzimas do citocromo P450, aumentando assim a tacrolinemia. A estratégia indica atual direciona a evitar a associação destas drogas, com o intuito de reduzir o grau de imunossupressão do paciente.

Comentários Finais

Consideramos que não há consenso na literatura, devido a escassez de trabalhos realizados nessa população de transplantados, porém é visto que uma estratégia menos agressiva de imunossupressão não pioram o prognóstico da doença causada pela retrovirose, ao mesmo tempo que aumenta a expectativa do enxerto, com menor risco de rejeição aguda.

Área

Transplante

Instituições

Hospital Universitário Walter Cantídio - Ceará - Brasil

Autores

Lucas Holanda Chaves Queiroz, Ana Teresa Sobreira Lima Verde, Ismael Nobre Sena Silva, Vilmar Dantas Primo, Thaysla Morais Soares