1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

Trombo incidental relacionado ao cateter de diálise: relato de caso de um potencial benefício inesperado do POCUS

Apresentação do Caso

Paciente feminino, 58 anos, tabagista e com diagnóstico prévio de hipertensão em 2020, iniciou quadro de anasarca com necessidade de internação hospitalar em outubro de 2022. Na admissão, apresentava-se com dispneia em repouso, pressão arterial de 190x100 mmHg, creatinina 4,1 mg/dL (1,5 mg/dL 5 meses), albumina sérica de 1,8 g/dL e proteinúria de 7,2 g/24h, configurando uma síndrome nefrótica. Realizou biópsia renal em nosso serviço, com diagnóstico de glomerulopatia membranosa anti-PLA2R positivo. Durante a internação, a paciente evoluiu com necessidade hemodiálise para controle volêmico, com manutenção da terapia em regime ambulatorial. Em março de 2023, iniciamos protocolo de avaliação de volemia de pacientes dialíticos com ultrassom à beira leito de pulmões e veia cava inferior. Durante exame da paciente, foi observada estrutura hiperecóica, parcialmente móvel, medindo 3,0 x 2,9 cm, em átrio direito aderida em cateter de diálise. A paciente não apresentava queixa relacionada ao trombo, mas foi internada e submetida a ecocardiograma transtorácico, que confirmou os achados descritos, com diagnóstico então de trombo atrial relacionado ao cateter. Foi iniciada anticoagulação sistêmica com posterior troca do cateter de hemodiálise.

Discussão

Trombo atrial relacionado a cateter é uma complicação frequente em pacientes que realizam terapia renal substitutiva através de cateter de diálise. Apesar de comum, não existem estudos de alto impacto que avaliem a melhor conduta na presença de trombo assintomático, e muito menos se existe benefício na realização de ultrassom protocolar nesses pacientes. Apesar da ausência de evidências de qualidade, a maioria dos especialistas concorda que a presença do trombo indica retirada do cateter, com anticoagulação plena, por cerca de 3 semanas antes, para reduzir risco de embolização. Infelizmente, o paciente renal crônico, especialmente o dialítico, apresenta alto risco de sangramento secundário à anticoagulação, além da dificuldade logística devido a poucas opções terapêuticas acessíveis para essa população.

Comentários Finais

O uso do ultrassom a beira leito na avaliação de pacientes dialíticos vem sendo cada vez mais defendido e, como observado na nossa paciente, este pode ter outros benefícios além da avaliação da volemia, apesar de toda discussão sobre a relação risco-benefício de anticoagulação em pacientes dialíticos assintomáticos.

Área

Diálise

Instituições

Escola Paulista de Medicina (EPM/UNIFESP) - São Paulo - Brasil

Autores

Iane Teixeira Pessoa, Caio Oliveira Bastos, Sarah Letícia Rodrigues Freitas, Bruno Pellozo Cerqueira, Igor Gouveia Pietrobom, Gabriel Teixeira Montezuma Sales