1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

QUILOPERITONEO EM PACIENTE SOB DIALISE PERITONEAL AUTOMATIZADA

Apresentação do Caso

Paciente do sexo masculino, 64 anos, hipertenso há cerca de 18 anos, em DPA desde Outubro/2018, deu entrada em unidade hospitalar com queixa de alteração na coloração do dialisato há 48 horas. Negou febre, alteração do trânsito intestinal ou dor abdominal. Foi internado para investigação do quadro abdominal, sendo iniciados Cefazolina e Ceftazidima. A citologia do líquido peritoneal antes do início dos antibióticos com 14 células. Gram, culturas do LP para aeróbios, tuberculose e fungo foram negativas. Fez uso de antibioticoterapia empírica por sete dias, e em 72h de evolução o dialisato havia retornado à coloração habitual, límpido e transparente.
O resultado do triglicerídeos do LP foi de 205 confirmando ascite quilosa. O paciente referiu ingesta abundante de alimentos gordurosos na véspera ao ocorrido, além da realização de exercícios fisioterápicos com compressão e impacto abdominal intenso.

Discussão

A ascite quilosa não é comum em pacientes sob diálise peritoneal. O dialisato turvo, leitoso, se relaciona com grande possibilidade de peritonite relacionada ao tratamento. Mesmo em pacientes sem dor abdominal, é muito importante a exclusão de causas infecciosas para tal mudança no dialisato. No caso em questão, todas as causas infecciosas foram excluídas através de culturas. Causas neoplásicas também foram excluídas através de exames de imagem. A citologia normal e o aumento de triglicerídeos no LP direcionam o diagnóstico para o quiloperitoneo, complicação incomum em pacientes sob DP.

Comentários Finais

O caso ilustra uma mudança de coloração no dialisato, ferramenta importante para o diagnóstico de complicações em pacientes sob diálise peritoneal. Na situação em questão, o paciente além da alimentação rica em gorduras 48h antes do quadro clínico, ainda relatou ter sofrido episódios recorrentes de pequenos traumas abdominais que contribuíram para ruptura de linfáticos e extravasamento de produtos do metabolismo lipídico para cavidade abdominal.
A ascite quilosa entra como etiologia possível no diagnóstico diferencial das causas de dialisato turvo/leitoso. Nesse contexto, a dosagem de TG no LP deve fazer parte da investigação laboratorial inicial nesses casos.

Área

Diálise

Instituições

HOSPITAL ANA NERY - Bahia - Brasil

Autores

FELIPE COSTA NEVES, FERNANDA PINHEIRO MARTIN TAPIOCA, MARIA GABRIELA MOTTA GUIMARÃES, LUIZ CARLOS PASSOS