1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

TRANSPLANTE RENAL EM PACIENTE COM DOENÇA DE CHAGAS NAO TRATADA: UM RELATO DE CASO.

Apresentação do Caso

Paciente do sexo feminino, 54 anos e hipertensa a 24 anos. Apresentou nefroesclerose hipertensiva e cálculos renais que culminaram em doença renal crônica. Em 2016, durante a triagem para transplante renal, apresentou sorologia por imunoensaio positiva para doença de chagas (8,58). Em 2017, o teste de hemaglutinação indireta também foi reagente para o Trypanosoma cruzi, assim como a imunofluorescência indireta (1:80), sendo feito o diagnóstico de doença de chagas na forma indeterminada. O tratamento da doença de chagas pré-transplante não foi recomendado pela equipe, sendo seguida a monitorização cardiológica e geral. Em junho de 2017 a paciente recebeu o transplante de doador falecido sem intercorrências, sendo iniciado o uso de benzonidazol 2 meses após o transplante, tendo a imunofluorescência para chagas passado para 1/120 e a creatinina 1,8mg/dl em 20 dias de terapia. O tratamento foi continuado por 85 dias e acompanhado do uso de tacrolimo 1mg, micofenolato de mofetila 360mg, besilato de anlodipino 5mg, sinvastatina 20mg. A paciente evoluiu bem, sem reativação da doença de chagas e distúrbios permanentes na função renal.

Discussão

Na doença renal crônica (DRC), um conjunto de anormalidades causa perda da função renal por mais de três meses. Sendo responsável por cerca de 60% das causas de morte no mundo, atualmente a DRC é considerada um problema de saúde pública. Os pacientes que evoluem para o estágio terminal da doença podem necessitar de terapia renal substitutiva, sendo o transplante renal uma dessas modalidades. A triagem do receptor e doador pré-transplante é rigorosa, no entanto, desde 1980 a sorologia positiva no receptor do enxerto para doença de chagas, sem evidência de manifestações clínicas dessa patologia (forma indeterminada), não contraindica o transplante renal. Havendo tempo hábil, o tratamento antiparasitário pode ser instituído, mas não deve ser contraindicado o transplante se não o houver. No entanto, a incidência de reativação da doença em pacientes transplantados renais é de 21,7%, atrelada a imunossupressão gerada no transplante. O monitoramento, diagnóstico e tratamento precoce nesses quadros são essenciais para evitar um desfecho desfavorável.

Comentários Finais

O paciente com doença de chagas na forma indeterminada pode ser beneficiado pelo transplante renal, mesmo que não passe pelo tratamento da doença antes da cirurgia. No entanto, o monitoramento do paciente é essencial para diagnosticar e tratar precocemente, se houver reativação da doença.

Área

Transplante

Instituições

Hospital Universitário Walter Cantídio - Ceará - Brasil, Universidade Estadual do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

Maria Marina V Oliveira, Thaysla Morais Soares, Antonio Andrei da Silva Sena, Sara Lívia Martins Teixeira , Vanessa Gurgel Adeodato, Paula Frassinetti Castelo Branco Camurça Fernandes