1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

PERDA NEUROSSENSORIAL EM UMA PACIENTE COM GLOMERULONEFRITE MEMBRANOSA: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente feminino, 55 anos, hipertensa, em uso irregular de medicação, apresentou episódio de cefaleia intensa, associada à zumbidos, hipoacusia e desorientação. Também apresentava edema periorbitário e em membros inferiores. Buscou atendimento na Unidade de Pronto Atendimento em 19/02/23, sendo evidenciado um pico hipertensivo (250x110mmHg). Foi referenciada para um hospital terciário como encefalopatia hipertensiva, sendo admitida na unidade de terapia intensiva no dia 21/02/2023.
Inicialmente, teve prescrição de ceftriaxona, por possibilidade de infecção do Sistema Nervoso Central. Além disso, foi identificada, em 23/02/23, uma proteinúria 6670 mg em 24h, confirmando hipótese de síndrome nefrótica. Devido à queixa de hipoacusia bilateral, foi solicitada uma audiometria, realizada em 20/03/2023, a qual evidenciou uma perda auditiva mista bilateral moderada. Quanto à investigação diagnóstica de glomerulonefrite, foi realizada uma biopsia renal (15/03/2023) que demonstrou glomerulopatia crônica com espessamento de alças, os quais são achados compatíveis com nefropatia membranosa (NM) estadio 2, e fibrose intersticial moderada. Durante o internamento, paciente evoluiu com queda de hemoglobina, de 10,5 para 6,7, sem exteriorização de sangramentos. Uma endoscopia digestiva alta, realizada em 07/03/2023, não evidenciou sangramento. A paciente recebeu concentrados de hemácias em 08, 09 e 15 de março de 2023, sem intercorrências. Em 25/03/2023, a paciente recebeu alta, justificada pela melhora clínica e laboratorial, com aptidão para seguimento ambulatorial com nefrologista. A melhora do quadro auditivo ocorreu durante o tratamento antibacteriano.

Discussão

A MN está entre as causas mais comuns da síndrome nefrótica em adultos, respondendo por até um terço dos diagnósticos de biópsia. O termo NM reflete um padrão de lesão encontrado pelo exame histopatológico da biópsia renal: espessamento da membrana basal glomerular (GBM). Vale ressaltar, que portadores da doença renal crônica (DRC) têm maior risco de desenvolver perda auditiva neurossensorial em relação à população geral, independentemente de idade, sexo, diabetes e hipertensão arterial. No caso, há o questionamento quanto à etiologia do acometimento neurossensorial.

Comentários Finais

O diagnóstico de NM foi dada graças à biópsia renal, que apresentou características típicas. Na literatura, não há indícios da relação entre perda auditiva e NM, mas há relação entre o tratamento imunossupressor em injúrias renais agudas e crônicas.

Área

Doenças Glomerulares

Instituições

Universidade Estadual do Ceará (UECE) - Ceará - Brasil

Autores

Antonio Andrei da Silva Sena, Marina Karen Mendes Coelho, Eliseu Sousa do Amaral Júnior, Samya Pessoa de Amorim Marinho, Daniel Magalhaes Coutinho Mota, Gabriel Pinheiro Furtado