Dados do Trabalho
Título
CASO DE INFARTO RENAL BILATERAL
Apresentação do Caso
Homem, 61 anos, com doença arterial oclusiva periférica (DAOP), iniciou quadro álgico em membro inferior esquerdo, associado a edema, ausência de pulso pedioso e paresia do membro afetado. Foi submetido à embolectomia de artéria ilíaca esquerda, quando apresentou importante pico hipertensivo, controlado durante o transoperatório. No pós-operatório deu entrada na UTI, hemodinamicamente estável e em uso de sonda vesical de demora, porém evoluiu com arritmia cardíaca inespecífica, oligúria, hematúria macroscópica e agitação psicomotora. No primeiro dia do pós-operatório manteve hematúria macroscópica e apresentou piora da função renal (Creatinina: 4,09 mg/dl, Ureia: 76,2 mg/dL, TFG (CKD-EPI): 15,8 ml/min/1,73m²), hipercalemia, hiponatremia e acidose metabólica. Diante disso, foi levantada a suspeita de falência renal, sendo realizada TC de abdome e pelve, que evidenciou áreas de infarto renal bilateralmente, ateromatose aorto ilíaca e aumento de partes moles da musculatura abdominal à esquerda. Paciente foi então submetido à heparinização plena e diálise, porém evoluiu com piora progressiva da função renal.
Discussão
O Infarto Renal (IR) é uma condição clínica rara, sobretudo de forma bilateral, representando cerca de 0,000008% dos atendimentos de emergência, sendo decorrente da interrupção de suprimento sanguíneo para o rim, principalmente relacionado com pacientes que possuem acometimento cardiovascular prévio, como portadores de fibrilação atrial ou DAOP. O diagnóstico geralmente é feito de forma tardia devido ao quadro inespecífico, sendo a clínica inicial composta, na maioria dos casos, por lombalgia, oligúria, náusea e fadiga. Além disso, achados laboratoriais ajudam no diagnóstico, principalmente quando apontam lesão renal aguda e hematúria no EAS. A confirmação diagnóstica se dá através da avaliação clínica do paciente e da realização de exames de imagem como tomografia Assim, dado o histórico do paciente de DAOP, levantamos a hipótese que o IR bilateral do paciente esteja relacionado ao desenvolvimento de tromboembolismos por sua condição prévia. No caso de IR relacionado a causas cardio-embólicas o tratamento mais indicado é a heparinização plena, a qual deve ser continuada como profilaxia.
Comentários Finais
O paciente, apesar da terapêutica adequada e do suporte da equipe da UTI, evoluiu com parada cardiorrespiratória, sendo realizados ciclos de reanimação resultando em volta da circulação espontânea, porém manteve-se instável hemodinamicamente culminando em óbito.
Área
Nefrologia Clínica
Instituições
UFCA - Ceará - Brasil
Autores
Flassian Hierro Oliveira, Bruno Farias Oliveira, Pamela Carla Pereira, Mario Vinicius Barros, Leila Silveira Vieira, Leonardo Lopes Cruz