1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

PACIENTE ACOMETIDO POR GLOMERULONEFRITE MEMBRANOSA ASSOCIADA A MIELOMA MULTIPLO: RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente FVA, masculino, 62 anos, encaminhado em abril de 2018 por intenso edema em membros inferiores, aumento do volume abdominal e urina espumosa e escurecida no último ano. Apresenta hepatopatia crônica, diabetes, hipercolesterolemia e hipotireoidismo. Exames indicam proteinúria importante (13.954 mg/24h), hematúria (6 células/campo) e hipoalbuminemia (2,6 g/dL). Ex-etilista (45 anos) e ex-tabagista (19 anos). Foi realizada biópsia renal em junho de 2018 que sugeria glomerulonefrite membranosa classe 1. Manteve seguimento e apresentou valores elevados de proteinúria de 24h nos meses que seguem (5014 mg, 10477 mg, 4901 mg). Em fevereiro de 2019 foi encaminhado à Hematologia para investigar anemia persistente. Eletroforese de proteínas de novembro indicava pico monoclonal migrando alfa-2 globulina (10,9% do total de proteínas) e mielograma com aspirado hipercelular (9% de plasmócitos, 12% de linfócitos e 1% de monócitos). Estudo imunohistoquímico da medula de abril de 2020 indicou mieloma múltiplo de cadeia leve lambda II. Em maio iniciou quimioterapia com ciclofosfamida, talidomida e dexametasona (9 ciclos até março de 2021) e zometa mensal. No período apresentou episódio de melhora da proteinúria de 24h (1109 mg). Em abril de 2022 iniciou protocolo VCD (Velcade, Ciclofosfamida e Dexametasona). Imunofixação da urina e do sangue em outubro de 2022 indicavam ausência de proteína monoclonal. Paciente retornou à nefrologia em maio de 2023 no 9º ciclo de VCD, aguardando transplante autólogo e com doença renal em estágio G3a A3.

Discussão

O mieloma múltiplo (MM) é uma doença maligna das células plasmáticas associado a produção de proteínas monoclonais que podem induzir lesões em diversos órgãos, sendo o rim o principal sítio afetado, implicando negativamente a sobrevida. FVA apresenta glomerulonefrite membranosa como diagnóstico inicial, condição raramente associada ao MM, o que pode ter dificultado o diagnóstico precocemente. Durante sua evolução, manteve valores elevados de proteinúria de 24h, mas com melhora ao se considerar a condição inicial. Ao ser iniciada a terapia antineoplásica houve redução na função renal, pois muitos quimioterápicos apresentam nefrotoxicidade, característica exacerbada quando há acometimento renal prévio, sendo necessário monitorização rigorosa.

Comentários Finais

Apesar de rara, é importante estar ciente da possível associação entre glomerulonefrite membranosa e MM quando há expressiva proteinúria e anemia crônica para estabelecer terapia adequada.

Área

Doenças Glomerulares

Instituições

Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

Gerliano Martins Nogueira, Alefe Islleyker Aguiar Santiago, Anaiara Lucena Queiroz , Tattieri Alenninne Cardoso Barros , Luiz Paulino Gomes Neto, Marcus Vitor Lima Barreto