Dados do Trabalho

Título

LEPTOSPIROSE COMO CAUSA DE LESAO RENAL AGUDA

Apresentação do Caso

Paciente, sexo masculino, 56 anos, agricultor, residente de zona rural,
hipertenso e etilista, deu entrada no serviço no dia 25 de março de 2023,
encaminhado do município de São José de Piranhas, com histórico de dor
lombar que irradiava para hipocôndrios direito e esquerdo, iniciada há 10 dias.
O paciente havia sido previamente internado no dia 22 de março, mas evoluiu
com diarreia, vômitos e cervicalgia e, para esse quadro, foi tratado com
ceftriaxona e metronidazol. Durante os dias subsequentes de internação,
manteve um estado geral regular, consciente e orientado, eupneico, ventilando
espontaneamente em ar ambiente e com saturação de 95%, aferida com
oximetria de pulso. Estava aceitando bem a dieta, evacuava normalmente e
tinha diurese espontânea, porém com queixa de colúria. Referiu melhora das
dores lombar e em hipocôndrio e melhora da diarréia, persistindo somente a
cervicalgia.

Discussão

No dia seguinte, o paciente evoluiu com inapetência, prejudicando a dieta antes normal. Também referiu persistência da dor cervical e sono prejudicado devido à cervicalgia. Teve vômitos e febre de 38,8ºC. Ao exame físico, paciente apresentou dor à palpação superficial de abdome e hipocôndrio, e dor à palpação das panturrilhas. Nos dias subsequentes (27 e 28/03/2023) sem alterações no quadro clínico, mas teve resultados de novos exames laboratoriais: Uréia 275 mg/dL, Creatinina sérica 6,07 mg/dL, Na sérico 135 mg/dL, , fosfatase alcalina sérica 145 U/L, bilirrubina total 352 mg/dL, bilirrubina direta 2,44 mg/dL e bilirrubina indireta 1,08 mg/dL. Por fim, no dia 30/03/2023, o paciente teve uma melhora significativa tanto do quadro clínico quanto do laboratorial. Foi mantida a antibioticoterapia, e realizados novos exames de controle, além da prescrição de prometazina, hidrocortisona. Também foram solicitados exames de IgM e IgG para leptospirose.

Comentários Finais

Evidencia-se a necessidade de conhecer bem,
clinicamente, doenças prevalentes em certos grupos e regiões. A doença tem
uma alta prevalência no Brasil, tal como pontua Martiline; et al. (2017),
especialmente no grupo de pessoas que têm contato com água e solo de forma
mais frequente, como os agricultores, profissão do paciente. O reconhecimento
de alguns sinais, como a colúria e a mialgia, especialmente em panturrilhas,
poderia ter direcionado a equipe ao diagnóstico de leptospirose, sobretudo
associado aos dados epidemiológicos. Por fim, fica inegável a importância
de uma boa anamnese e um bom exame físico na condução de um paciente.