41º Congresso Norte Nordeste de Cardiologia e 27° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Síncope vaso-vagal “maligna”. Tratamento Clínico ou Marca-passo ?

Introdução

As síncopes vasovagal são as causas mais comuns de síncopes na população geral, com prognóstico favorável. Alguns casos podem, entretanto, apresentar-se com formas clínicas severas, síncopes convulsivas e assistolias prolongadas documentadas no tilt teste (TT) ou no looper. O tratamento pode envolver medidas clínicas preventivas, implantes de marca-passo cardíaco (MP) ou mais recentemente ablação dos plexos vagais no átrio. A diretriz americana de MP de 2021 sugere o implante de MP para pacientes com > 40 anos e síncopes severas, recorrentes e com pausas prolongadas. Apresentamos os casos de duas pacientes com síncope cardio-inibitória severa com diferentes abordagens terapêuticas.

Descrição do caso

Caso 1. Paciente do sexo feminino, 78 anos, com síncopes recorrentes há 2 anos, determinando grande interferência na sua qualidade de vida. Alguns episódios eram prolongados, seguidos de movimentos convulsivos, com necessidade de internação. Relatava AVC há 23 anos e epilepsia, sem crises da epilepsia há 11 anos. O quadro atual era diferente de quando iniciou anticonvulsivante. Realizou exames cardiológicos sem alterações significativas. Durante o TT, após sensibilização, apresentou sensação de desmaio, seguida de síncope convulsiva e assistolia por mais de 30 segundos, com bloqueio atrioventricular (BAV) total. Houve reversão após trendelemburg, massagem cardíaca externa e hidratação venosa, com reprodução do quadro clínico. Foi submetida ao implante de MP definitivo. No seguimento, referiu tonturas e sudorese com hipotensão documentada, sendo associado fludrocortisona. Evoluindo há 6 meses sem recorrências.

Caso 2. LVR, 21 anos, com síncopes há 8 anos, ocorrendo durante a colocação de piercing, ou assistindo filme de terror ou com visão de sangue. Exames físico e laboratoriais normais. No TT sem sensibilização, apresentou pródromo curto de tonturas, seguido de síncope convulsiva e assistolia de 22 segundos, revertidos muito rapidamente após trendelemburg. Optado por tratamento clínico, evoluindo após 5 anos, sem síncopes, com alguns episódios de tonturas revertidas após deitar-se rapidamente.

Conclusões

As síncopes vasovagal cardioinibitórias com longas assistolias, chamadas de síncopes vasovagal malignas podem ter abordagens terapêuticas distintas. A idade, fatores deflagradores preveníveis, severidade da apresentação e refratariedade ao tratamento clínico devem dirigir a terapêutica.

Área

Medicina

Autores

MARIA CAMILA TIMBO ROCHA, Alessia de Alencar Araripe Gurgel , Ana Gabriela Ponte Farias, Marcela Sobreira Kubrusly, Eduardo Augusto Quidute Arrais Rocha