Dados do Trabalho

Título

ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO PARA PREDIÇÃO DE FIBRILAÇÃO ATRIAL APÓS CIRURGIAS CARDÍACAS

introdução e/ou fundamentos

A fibrilação atrial pós-operatória (FAPO) é a arritmia sustentada mais comum após cirurgias cardíacas, ocorrendo em aproximadamente 30% dos pacientes operados. A ocorrência da arritmia está associada a aumento do risco de acidente vascular cerebral, aumento do tempo de internamento hospitalar e óbito.

Objetivos

Em um contexto de forte evidência na literatura científica recomendando tratamento profilático para a FAPO, e da precariedade de dados que indiquem quais pacientes devem receber tal tratamento, o presente estudo teve como objetivo elaborar um novo escore preditor de fibrilação atrial no pós-operatório de cirurgias cardíacas.

Métodos

Foi realizado um estudo de coorte retrospectivo com uma amostra não-probabilística constituída por 989 pacientes. Participaram do estudo pacientes adultos submetidos a cirurgias cardíacas, exceto transplante cardíaco e implante de dispositivo de assistência ventricular. Foram excluídos os pacientes com fibrilação atrial prévia ou em uso prévio de amiodarona. As variáveis analisadas foram submetidas à análise univariada quanto à ocorrência de FAPO, e em seguida, à análise multivariada, através de regressão logística. Foram calculados a acurácia e a especificidade, assim como foram avaliadas a calibração e a discriminação do modelo.

Resultados e Conclusões

As variáveis que foram estatisticamente significativas na análise multivariada foram: idade maior ou igual a 60 anos (p<0,001), aumento do átrio esquerdo no ecocardiograma (p=0,025), uso de inotrópicos nas primeiras 24 horas após a cirurgia (p=0,002) e necessidade de reoperação nas primeiras 24 horas (p=0,016). Para compor o escore, a cada uma dessas quatro variáveis foi atribuído um ponto. Obteve-se acurácia de 77% e especificidade de 99% para predição do desfecho no escore proposto e observou-se que uma pontuação maior ou igual a três está relacionada a um risco de 34% (IC95%: 27,8 a 39,6%) de ocorrência de FAPO.
O escore proposto neste estudo, composto pelas variáveis idade maior ou igual a 60 anos, aumento do átrio esquerdo no ecocardiograma, uso de inotrópicos nas primeiras 24 horas após a cirurgia e necessidade de reoperação nas primeiras 24 horas, demonstrou acurácia de 77% em predizer a ocorrência de FAPO.

Área

Medicina