41º Congresso Norte Nordeste de Cardiologia e 27° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

MIOCARDITE SECUNDÁRIA A INFECÇÃO PELO SARS-CoV-2: UM RELATO DE CASO

Introdução

A doença COVID-19 tem um grande espectro de manifestações clínicas, podendo acometer diversos sistemas, inclusive o cardiovascular. Entre as afecções cardiovasculares relacionadas à infecção pelo SARS-CoV-2, a miocardite é uma patologia relevante por sua frequência e possíveis complicações. Sendo de grande valia a detecção precoce e a imediata implantação de estratégias terapêuticas.

Descrição do caso

P.M.J.F, 28 anos, engenheiro mecânico, portador de trombofilia, em uso de clopidogrel 75 mg. Procurou atendimento médico 19 dias após contato com indivíduo positivo para COVID-19, referindo palpitações esporádicas, e sem mais sintomas. Ao exame, RCR com extra-sístoles isoladas, e demais aparelhos sem anormalidades. ECG: ritmo sinusal com extra-sístole supraventricular isolada. No dia 04/01/21 obteve exame sorológico positivo para COVID-19, e teste ergométrico com resultado de extra-sístoles supraventriculares e ventriculares raras. Realizou ainda ECO, com resultado: refluxo mitral mínimo e arritmia cardíaca (extrassístoles). Paciente manteve queixa de palpitações esporádicas. Dia 27/01/21 com Holter de 13% ESSV (ES atriais frequentes, isoladas e pareadas), 2% ESV (ESV frequentes e isoladas), nesse momento iniciou metoprolol 25 mg por 2 meses. No dia 12/03/21, a RNM mostrou aumento de câmaras cardíacas e presença de realce tardio sugestivo de miocardite. Iniciou enalapril 5 mg 12/12h e substituiu metoprolol por bisoprolol 5 mg 1x/dia. Ainda foi feito, no dia 14/07/21, PET SCAN com F 18-FDG sem área de avidez anómala pelo F-18 FDG no miocárdio. Holter com ESSV 10% (ES atriais frequentes, isoladas, pareadas, em salvas e episódio de taquiatrial não sustentada de até 10 batimentos) ESV 3% (ESV frequentes e isoladas). Realizou um novo Holter, dia 11/01/22, evidenciando ESV 3% (frequentes e isoladas), ESSV 6% (ES atriais frequentes , isoladas, pareadas com episódios de taquiatrial não sustentadas com até 6 batimentos). Uma nova RNM, 18/01/22, mostrou que câmaras cardíacas permanecem aumentadas, porém com melhora da função sistólica de ambos os ventrículos. Paciente atualmente assintomático e em tratamento.

Conclusões

Por fim, por meio desse relato é possível denotar a gravidade da miocardite associada a infecção pela COVID-19, constatando a importância de mais estudos que busquem a detecção e tratamento precoce desta complicação. Assim, é vital a investigação clínica cardiológica pós-covid mesmo em pacientes assintomáticos, visto que o SAR-CoV-2 não possui um padrão de acometimento.

Área

Medicina

Autores

FERNANDA POTTER BARRETTO, Paula Garcia Fadel Carvalho, Pablo Cezar Carvalho, Stephanie Cassiano de Oliveira Alves, Victoria Celeste Medeiros Tenuta