41º Congresso Norte Nordeste de Cardiologia e 27° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Aneurisma micótico e fenômeno de moya-moya em paciente com HIV e endocardite infecciosa: um relato de caso

Introdução

A incidência da Endocardite Infecciosa (EI) é baixa numa perspectiva global, com prevalência 6-34% em indivíduos portando o vírus da imunodeficiência adquirida (HIV). Um dos possíveis agravos é o aneurisma micótico (2% dos casos) secundário a um embolo séptico. A síndrome de Moya-Moya é uma doença que acomete as arteriais do sistema nervoso central notadamente rara, e sua associação com aneurismas micóticos é desconhecida.

Descrição do caso

Mulher, 35 anos, portadora de HIV há 10 anos, carga viral HIV indetectável, contagem de linfócitos TCD4+ de 364 células/mm3. Apresentou rebaixamento de nível de consciência, afasia e hemiplegia direita súbitos, com tomografia computadorizada (TC) de crânio evidenciando hematoma volumoso (09x06x04cm) intracerebral, sendo realizada transferência para hospital terciário. Teste VDRL 1:16 à admissão, nova TC de crânio revelou hemorragia volumosa em região periinsular à esquerda. Submetida a procedimento cirúrgico de drenagem sem complicações. Realizada AngioTC a fim de identificar a etiologia do acidente vascular encefálico (AVE), cujo laudo apontou estenose de segmentos da artéria cerebral média esquerda. Evoluiu com taquicardia e febre no 6° dia de pós-operatório (DPO), com suspeita de infecção bacteriana. Hemoculturas negativas e exame do líquor, normal. Paciente fez uso de antibioticoterapia empírica com Ceftriaxona, seguido de Meropenem e Vancomicina por 7 dias. Houve suspeita de Neurossífilis não confirmada pelo estudo do líquor. Paciente realizou arteriografia no 11° DPO, revelando estenoses em artéria cerebral média esquerda proximal, associadas a fenômeno MoyaMoya. No 12° DPO, ecocardiograma transtorácico evidenciou provável EI. Iniciada terapia com Ceftriaxona e Ampicilina no 14° DPO. Chamada equipe de cirurgia cardiovascular e considerada abordagem cirúrgica, mas ultimamente descartada e mantido o uso de antibióticos por 6 semanas, uma vez que o paciente evoluiu favoravelmente, com vegetação <10mm. A suspeita então era de aneurisma micótico secundário a embolia séptica da vegetação valvar. O tratamento durou 32 dias em função de degradação hepática, mas novo ecocardiograma não mais visualizou vegetações. Houve melhora de quadro hepático, seguido de alta hospitalar.

Conclusões

A infecção pelo HIV é uma doença trombogênica e infecções bacterianas são mais comuns na população afetada, com diversas apresentações. Êmbolos sépticos podem ocorrer mimetizando possível AVE, não se sabendo acerca da sua associação com a síndrome de MoyaMoya.

Área

Medicina

Autores

ARTHUR VICTOR CUESTA DOS SANTOS, Paula Stelitano Avelino, Maria Luísa Souza Barbosa, Caíque Beijes da Paixão, Fabianna Márcia Maranhão Bahia