Dados do Trabalho

Título

Relato de caso: Implante de válvula aórtica transcateter em paciente com estenose aórtica importante e tortuosidade extrema de artéria aorta.

Introdução

O implante válvula aórtica transcateter (TAVI) é uma alternativa confiável em pacientes idosos com estenose aórtica (EAo) importante que apresentam fatores complicadores e de outra forma seriam inoperáveis.

Descrição do caso

MLMM, 79 anos, 1m30cm de altura, 35 kg foi admitida em agosto de 2021 com Insuficiência Cardíaca descompensada por exacerbação de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, evoluindo com dispneia progressiva aos esforços (Classe Funcional II/III da New York Heart Association). Ao exame físico foi evidenciado cifoescoliose importante e ausculta típica de EAo. Ecocardiograma transtorácico (ETT) revelou EAo grave, valva aórtica trivalvular, cúspides espessadas, mobilidade reduzida e gradiente médio de 68mmHg. Além disso, a angiotomografia apresentou área valvar aórtica de 423mm². A paciente foi classificada como de alto risco para cirurgia cardíaca segundo a Society of Thoracic Surgeons e EuroSCORE, sendo recusada para cirurgia pelo Heart Team, optando-se pelo TAVI. O Cateterismo revelou lesões de 30% com fluxo TIMI 3 nas três coronárias. ETT foi realizado durante o procedimento, na impossibilidade de realização de ecocardiografia transesofágica, para orientação da posição da válvula. A artéria subclávia da paciente tinha um diâmetro reduzido sendo realizado, desse modo, acesso pela via transfemoral. Foi visualizada, também, tortuosidade extrema na aorta torácica descendente e abdominal. Optou-se por prótese de 27mm, autoexpansível, com folhetos intra-anulares escolhida a partir das medidas do anel aórtico da paciente cuja área era de 423mm² e 73.9mm de perímetro, obtidas por angiotomografia. O implante da prótese foi realizado a partir da técnica Cusp-Overlap. A despeito da tortuosidade severa em território de aorta e artérias ilíacas, observou-se uma excelente navegação da prótese com o sistema flexível, o que permitiu o seu implante de forma satisfatória e sem complicações. Não houve evidência clínica de embolização, a paciente recebeu alta da UTI no dia seguinte e alta hospitalar após 3 dias apenas com aspirina de 100mg. ETT de acompanhamento, após 1 mês, revelou prótese aórtica normoposicionada, fluxo sistólico com gradiente máximo de 14mmHg e refluxo periprotético moderado, função sistólica normal e sinais de disfunção diastólica leve. 

Conclusões

Foi possível demonstrar a condução de caso desafiador de implante de valva aórtica transcateter em paciente com fragilidade clínica severa e anatomia difícil da artéria aorta.

Área

Medicina