41º Congresso Norte Nordeste de Cardiologia e 27° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

A infecção pelo vírus SARS-CoV-2 em pacientes portadores da doença de Chagas pode estar associada a maiores implicações?

introdução e/ou fundamentos

A infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2 é uma doença viral que se propagou de forma notória no mundo a partir do ano de 2019 e que apresenta uma relevante mortalidade entre indivíduos possuidores de comorbidades. Além disso, a doença por coronavírus (COVID-19) está vinculada à geração de lesão endotelial e disfunção imunológica, alterações também perceptíveis na fisiopatologia de quadros como o da doença de Chagas (DC). A DC, por sua vez, é uma zoonose causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, a qual é importante causa de comorbidades cardiovasculares nos sujeitos infectados. Diante desses fatores, é possível que haja uma maior gravidade da COVID-19 nos portadores de tal protozoário.

Objetivos

A presente revisão de literatura objetiva analisar se a doença de Chagas está vinculada à geração de piores desfechos em indivíduos infectados com o SARS-CoV-2.

Métodos

Foi realizada uma revisão sistemática de literatura a partir do uso, em conjunto por meio do operador booleano “AND”, dos descritores “chagas disease” e “SARS-CoV-2” nas bases de dados Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) e Scopus, sendo utilizadas produções publicadas entre 2020 e 2022. Por meio do mecanismo dessa pesquisa, foram obtidos 47 artigos. Destes, foram excluídas as revisões de literatura, as duplicatas e os trabalhos que não abordavam diretamente o assunto, restando 5 artigos para a elaboração desta revisão.

Resultados e Conclusões

É sabido que a DC promove alterações fisiológicas que predispõem o indivíduo ao desenvolvimento de maiores complicações cardiovasculares, a exemplo de cardiomiopatias, hipertensão arterial sistêmica e insuficiência cardíaca. Diante disso, observações presentes na literatura apontam que fatores presentes em portadores da DC, como a maior produção de citocinas pró-inflamatórias e o maior número de comorbidades, estariam associadas ao agravo da COVID-19 nesses sujeitos em comparação à população livre da zoonose. Contudo, estudos com análises estatísticas utilizando amostras de pacientes com DC que tiveram a COVID-19 demonstraram que não há diferenças significativas relativas à apresentação clínica e ao desfecho desses indivíduos em comparação a grupos controles que tiveram a COVID-19, mas não possuíam diagnóstico de DC. Um empecilho para essa análise é a carência de estudos sobre o tema, de forma que há uma necessidade de mais produções científicas para validar a real influência da DC no desfecho de pacientes com a COVID-19.

Área

Medicina

Instituições

Universidade Estadual do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

JOAO VICTOR ARAUJO SILVA, HELÂNIO MOREIRA CLAUDINO