41º Congresso Norte Nordeste de Cardiologia e 27° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Aortite sifilítica cursando com acidente vascular cerebral hemorrágico pós-operatório: relato de caso.

Introdução

A aortite é uma das possíveis manifestações da sífilis terciária. Os achados mais comuns neste contexto são dilatação da raiz da aorta, aneurismas e insuficiência valvar aórtica. Menos comum é o achado de estreitamento dos óstios das coronárias esquerda e direita. Aqui relatamos um caso de paciente feminina de 43 anos internada em hospital público terciário.

Descrição do caso

Paciente hipertensa de longa data foi admitida na urgência de um hospital público terciário com quadro de dor em região precordial, de característica anginosa, associada a dispneia e sudorese profusa havia 4 horas, que iniciou após libação alcoólica e uso de drogas ilícitas – crack e maconha. Era etilista, tabagista e usuária de entorpecentes desde os 15 anos de idade. Relatou ainda internação para tratamento de sífilis 7 meses antes em outra instituição. Ecocardiograma transtorácico revelou insuficiência aórtica importante, aumento de átrio esquerdo e hipocinesia difusa do ventrículo esquerdo, além de placa aterosclerótica em aorta ascendente. Coronariografia identificou lesões graves: 90% em tronco de coronária esquerda e 50% em óstio de coronária direita com demais coronárias sem lesões. Sorologias para hepatites virais e HIV foram negativas, porém VDRL positivo em títulos 1:32. Foi aventada a hipótese de aortite sifilítica e prescrito tratamento para sífilis indeterminada com Penicilina Benzatina.Foi realizada cirurgia de revascularização do miocárdio com aposição de ponte de safena para coronária direita e ponte sequencial de artéria mamária interna esquerda para veia safena e artéria descendente anterior por dificuldades anatômicas, além de troca de valva aórtica por bioprótese. No pós operatório, evoluiu com rebaixamento do sensório. Tomografia Computadorizada de Crânio evidenciou extensa isquemia em topografia de artéria cerebral média esquerda, com edema e desvio da linha média. Foi tentado transferência da paciente para outro hospital com serviço de neurocirurgia, porém a paciente evoluiu com anisocoria e ausência de reflexos profundos. Foi constatada morte encefálica. A biópsia da valva aórtica evidenciou alterações degenerativas valvares. Não foi realizada biópsia da parede da aorta.

Conclusões

A sífilis, no Brasil, permanece ainda prevalente, em especial em certas populações de alto risco – a exemplo do nosso caso, paciente usuária de crack.

Área

Medicina

Instituições

Hospital do Coração de Messejana - Ceará - Brasil

Autores

ISABELA RODRIGUES BRANDAO, Fernanda Brito Sabino Freitas