41º Congresso Norte Nordeste de Cardiologia e 27° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Miocardiopatia Não Compactada em Paciente Atleta: Um Relato de Caso

Introdução

A miocardiopatia não compactada (MCNC) é caracterizada por trabeculações anormais do ventrículo esquerdo (VE) proeminentes, e recessos intertrabeculares profundos. Apesar dos vasos coronários normais, pacientes com MCNC apresentam redução da reserva de fluxo coronariano, o que leva à fibrose subendocárdica por distúrbios da microcirculação. O quadro clínico comum é de insuficiência ventricular esquerda e/ou direita, também foram observadas imagens de bloqueio inespecíficas e alterações no eletrocardiograma. A MCNC ainda é subdiagnosticada no mundo, pela sua baixa prevalência e pela apresentação clínica que varia desde pacientes assintomáticos aos variados graus de insuficiência cardíaca. Portanto, o estabelecimento do diagnóstico precoce através dos critérios bem estabelecidos - critérios de Jenni (Tabela 1) -, podem garantir melhor prognóstico.

Descrição do caso

Paciente do sexo masculino, 42 anos, atleta, sem comorbidades prévias, apresentou precordialgia típica súbita durante esforço. Por não haver fatores atenuantes, buscou o Pronto Atendimento onde entrou em protocolo de dor torácica, com eletrocardiograma sem alterações expressivas e curva de troponina positiva. Encaminhado ao cateterismo, no qual não foram evidenciadas lesões obstrutivas significativas. O seguimento da investigação foi através da ressonância magnética (RM), que revelou trabeculação aumentada no ventrículo esquerdo com miocárdio não compactado com espessura de 14mm e miocárdio normal com espessura de 7mm (relação sistólica de espessuras de parede 2:1), função sistólica global no limite inferior da normalidade. Diante dos achados na RM, o paciente enquadra-se nos critérios de Jenni para MCNC. O tratamento farmacológico foi iniciado com betabloqueador, e a RM anual foi orientada para o monitoramento da evolução da doença.

Conclusões

O bom condicionamento físico pode ter sido fator de proteção relevante para que não houvesse quadro inicial de insuficiência cardíaca. Todavia, o seguimento anual com RM é mandatório para prevenção de desfechos desfavoráveis, tendo em vista que a torção do VE mostrou-se o único parâmetro associado ao aumento do risco de eventos cardiovasculares independentes da fração de ejeção do VE. O prognóstico da doença é definido a partir da presença de complicações como insuficiência cardíaca, tromboembolismo e arritmias, que não foram observados neste caso. Desta forma, é evidente que o estabelecimento precoce do diagnóstico é a principal ferramenta para conter a evolução natural da doença.

Área

Medicina

Instituições

Unifacisa - Paraíba - Brasil

Autores

AMANDA SILVEIRA GONCALVES MARTINS, Rodrigo Wesley Paiva Vieira, Viviane Silveira Goncalves Martins Tenorio, Luana Araujo Bacurau, Breno De Alencar Antao