41º Congresso Norte Nordeste de Cardiologia e 27° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Miopericardite secundária à infecção por SARS-CoV-2 em um jovem sem comorbidades.

Introdução

Na infecção por SARS-CoV-2, apesar do acometimento pulmonar preponderante, há também repercussão no sistema cardiovascular. A Miopericardite Aguda (MPA), surge com uma das manifestações do acometimento cardíaco, secundária à resposta imune exacerbada ou ao dano viral direto.

Descrição do caso

Homem, 18 anos, sem fatores de risco, apresentou cefaléia, astenia, febre, dor torácica com irradiação interescapular ventilatório-dependente e relatou contato com infectados por SARS-CoV-2. Iniciou com Azitromicina, Ivermectina e Dipirona. Realizou exames com as principais alterações: RT-PCR negativo para SARS-CoV-2, Troponina I de 2.6000 pg/mL e PCR de 65,6 mg/L. Introduziu-se Predsim, Bromexina e Clexane, progredindo para queda dos parâmetros. Novos exames foram feitos, nos quais constataram-se 25% de acometimento pulmonar em vidro fosco na tomografia, eletrocardiograma sem grandes alterações e ressonância com edema agudo, área de fibrose extensa nas paredes inferolateral e anterolateral medial/basal e disfunção discreta. A recondução do tratamento foi com Colchicina, IECA, Betabloqueadores e substituição de Clexane por Xarelto. Paciente vem evoluindo favoravelmente, assintomático e com fração de ejeção preservada.

Conclusões

O diagnóstico de COVID-19 foi clínico e por meio dos exames de imagem característicos de infecção por SARS-CoV-2, embora RT-PCR negativo. Dessa forma, no contexto vigente, diante de um quadro de sintomas virais, com presença de dor torácica e/ou dispneia em paciente jovem, o diagnóstico diferencial é de MPA. Diante disso, o acometimento cardiovascular, sobretudo na MPA, foi marcado por: dor torácica com irradiação para o dorso ventilatório-dependente, elevação da Troponina I e derrame pericárdico. Além disso, a ressonância com padrão não isquêmico e com alterações características, aliada à redução dos parâmetros de pior prognóstico após o tratamento também corroboram para esse diagnóstico. Em casos de MPA, em geral, o tratamento indicado é de suporte com uso de IECA e Betabloqueadores por um ano em associação com Colchicina por pelo menos três meses, usada quando há acometimento pericárdico e/ou dor torácica. Ademais, recomenda-se acompanhamento e afastamento de atividade física. Portanto, o caso demonstrou a importância de atentar-se para o risco de complicações cardíacas decorrentes da COVID-19, mesmo na população jovem, sem comorbidades e com quadros virais leves.

Área

Medicina

Instituições

UNP - Rio Grande do Norte - Brasil

Autores

LETICIA LOPES DA COSTA, Catarina Silva De Souza Diogenes Paiva , Julia Emerenciano De Albuquerque Melo Trigueiro, Marina De Queiroz Passos