41º Congresso Norte Nordeste de Cardiologia e 27° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

HIPERSENSIBILIDADE À ADENOSINA COMO POVÁVEL CAUSA DE BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR AVANÇADO INTERMITENTE E SÍNCOPE EM PACIENTE COM TAQUICARDIA POR REENTRADA NODAL

Introdução

Cerca de 40% dos casos de síncope permanecem sem esclarecimento etiológico mesmo após uma extensa investigação diagnóstica. Em pacientes idosos, a coexistência com outras condições patológicas podem gerar ainda mais confusão.

Descrição do caso

Paciente feminina de 67 anos, hipertensa e diabética com queixas de palpitações taquicárdicas associadas à dor precordial além de episódios de pré-síncope e um episódio sincopal sem pródromos ou sintomas residuais. Vinha em uso de aspirina, clopidogrel e metoprolol 50mg/dia. Ecocardiograma sem aterações. Isquemia sugerida por elevação de troponina e alterações no seguimento ST no teste ergométrico. Holter 24h com frequência cardíaca (FC) média de 63bpm (FC<50bpm: 09h09’32’’). Pausas >2.0s: 74, tanto no sono quanto na vigília, principalmente na reversão de taquicardias supraventriculares (FC de até 130/min), porém, o evento mais prolongado (4,7s) ocorreu por um bloqueio atrioventricular (BAV) avançado de início súbito e sem bradicardia sinusal, argumentando contra um mecanismo neuromediado. Coronariografia sem alterações. O Estudo eletrofisiológico demonstrou intervalos básicos normais (QRS:90ms; AH:65ms; HV:56ms) e presença de dupla fisiologia nodal com fácil indução de taquicardia por reentrada nodal (TRN) com ciclo de 430ms (140bpm) e sem instabilidade hemodinâmica. Sem hipersensibilidade dos seios carotídeos. Logo, devido à ausência de achados anormais que pudessem justificar um BAV avançado ou uma síncope, optamos por um teste com 20mg de adenosina. Observou-se um BAV avançado com pausa >20 seg (apenas interrompida pelo início da estimulação ventricular) sem alteração da frequência sinusal (semelhante ao registrado no holter) sugerindo ser este o mecanismo. A síncope sensível à adenosina (SSA) manifesta-se mais frequentemente em mulheres na terceira idade e os sintomas de alerta ou fatores desencadeantes (gatilhos) estão frequentemente ausentes. Essas características a diferenciam claramente da síncope vasovagal. A SSA é rara (ou pouco diagnosticada) e corresponde a cerca de 3% dos pacientes encaminhados para investigação de síncope.

Conclusões

O teste com adenosina mostrou reproduzir o bloqueio AV (sugerindo o mecanismo da síncope) nesta paciente sem anormalidades da condução atrioventricular. Um hipótese levantada é que algum grau de isquemia induzida pelos episódios frequentes de TRN possam ter contribuído com aumentos episódicos de adenosina sérica e, consequentemente, com a apresentação clínica.

Área

Medicina

Instituições

Hospital Dr. Carlos Alberto Studart (Messejana) - Ceará - Brasil

Autores

RONALDO VASCONCELOS TAVORA, RAIZA PONTES RODRIGUES, RICARDO MARTINS FREITAS, ANTÔNIO THOMAZ DE ANDRADE, BIANCA LOPES CUNHA