41º Congresso Norte Nordeste de Cardiologia e 27° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

DENERVAÇÃO VAGAL DEMONSTRADA PELA REDUÇÃO DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA APÓS CARDIONEUROABLAÇÃO PARA TRATAMENTO DE SÍNCOPE VASOVAGAL MALIGNA

Introdução

A síncope vasovagal (SVV) é um fenômeno comum e cerca de 30% da população pode sofrer pelo menos um episódio até a idade de 60 anos. Apesar do enorme impacto econômico e social, apresenta opções terapêuticas limitadas (reconhecimento dos pródomos e fatores desencadeantes, suporte hidrossalino, prevenção de exposição postural prolongada, reabilitação autonômica...) com indicação de marcapasso restrita. São classificados em 3 categorias: Cardioinibitório puro; Vasodepressor puro e Misto (vasodepressor e cardioinibitório). Dada a alta prevalência de falha terapêutica, a denervação parassimpática através de cardioneuroablação (CNA) por cateter de radiofrequência vem despontando como uma opção para casos mais refratários.

Descrição do caso

Mulher de 37 anos encaminhada para implante de marcapasso definitivo por uma bradicardia persistente e SVV recorrente. Tilt Test com resposta mista. Holter 24h demonstrando FC média <50bpm por tempo >15h. Elevada variabilidade da frequência cardíaca (VFC) às custas principalmente do aumento do tônus parassimpático (SDNN:246ms e PNN>50ms: 60,3%). Sem resposta à combinação de fludrocortisona + teofilina. Submetida a uma cardioneuroablação. Estimulação vagal extracardíaca (25V; 8,5ms; 10Hz; 5seg; EP Tracer recording system) através de um cateter posicionado no forame jugular esquerdo demonstrou acentuada resposta cardioinibitória. As regiões de gânglios parassimpáticos cardíacos foram inferidas com ajuda de sistemas de mapeamento eletroanatômico tridimensional (Ensite Navx/Precision™ - ABBOTT). Ao final do procedimento observamos incremento de 55% na FC basal e ausência de resposta cardioinibitória com novas estimulações vagais. No seguimento ambulatorial, a paciente apresentou melhora expressiva dos sintomas sem nenhum outro evento sincopal. O Holter 24h mostrava uma FC média de 81bpm e sem registro de FC <50/min. A análise da VFC no domínio do tempo mostrou importante redução da variabilidade principalmente às custas da redução do tônus parassimpático (SDNN:84ms e PNN>50ms:0,13%).

Conclusões

A demonstração da perda de resposta cardioinibitória com a estimulação vagal extracardíaca ao final do procedimento e a redução importante na VFC demonstram um real efeito na redução do tônus parassimpático com a cardioneuroablação. Esta tem se mostrado como uma excelente opção para o tratamento de quadros graves de SVV especialmente em pacientes jovens, nos quais um marcapasso definitivo é altamente indesejável.

Área

Medicina

Instituições

Hospital Dr. Carlos Alberto Studart (Messejana) - Ceará - Brasil

Autores

RONALDO VASCONCELOS TAVORA, BIANCA LOPES CUNHA, RICARDO MARTINS FREITAS, ANTÔNIO THOMAZ DE ANDRADE, RAIZA PONTES RODRIGUES