41º Congresso Norte Nordeste de Cardiologia e 27° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

A cardiotoxicidade no uso de cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento da COVID-19.

introdução e/ou fundamentos

A maioria dos pacientes infectados por SARS-CoV-2 se recupera da infecção sem tratamento específico, mas 15% dos casos são severos e 5% são críticos, exigindo um manejo clínico específico. Inúmeros estudos foram promovidos mundialmente para investigar a efetividade de certos medicamentos no tratamento da infecção, entre eles a cloroquina e a hidroxicloroquina, cujo uso gerou preocupações devido à sua possível cardiotoxicidade.

Objetivos

Avaliar a cardiotoxicidade induzida por cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19.

Métodos

Uma revisão de literatura foi feita a partir de buscas na Biblioteca Virtual em Saúde e na base de dados Scopus. Foram aplicados os descritores cloroquina, hidroxicloroquina, cardiotoxicidade, coronavírus e seus correspondentes em inglês, além do operador booleano AND. Foram filtrados os trabalhos de revisão sistemática de literatura dos últimos 3 anos, obtendo-se 15 artigos, dos quais 12 foram selecionados e 6 usados.

Resultados e Conclusões

O uso de cloroquina (CL) e hidroxicloroquina (HCL) em pacientes com Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) pode incluir, entre outros efeitos, o prolongamento do intervalo QT corrigido (QTc) e a geração de arritmias fatais, como torsades de pointes (TDP). Alguns pequenos estudos mostraram um possível prolongamento do intervalo QTc com relevância clínica (>500 milissegundos) em pelo menos 10% dos pacientes, principalmente quando em associação com azitromicina, apesar de não terem identificado o desenvolvimento de arritmias, enquanto dois grandes ensaios clínicos randomizados não apontaram cardiotoxicidade significativa com o uso de HCL. Em contrapartida, outros estudos relataram preocupações frente à constatação de prolongamento crítico de QTc e de maior mortalidade nos pacientes tratados com CL, principalmente em doses mais altas ou em associação com azitromicina, com dados mostrando, inclusive, que a incidência de TDP em pacientes com COVID-19 tratados com CL ou HCL é maior que aquela que já justificou a retirada de certos medicamentos do mercado. Portanto, percebe-se que há dados discordantes entre os estudos quanto à significância da cardiotoxicidade por uso de CL e HCL em pacientes com COVID-19, sendo necessários novos grandes estudos para sua maior elucidação, devendo-se levar em conta, na prática clínica, que, além de estar comprovada, por grandes ensaios clínicos randomizados, a falta de benefício dessas drogas no tratamento da COVID-19, existem riscos potenciais de efeitos adversos cardíacos nesses pacientes.

Área

Medicina

Instituições

Universidade Estadual do Ceará - Ceará - Brasil, Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil, Universidade Federal do Vale do São Francisco - Pernambuco - Brasil

Autores

AMANDA COLAÇO MORAIS TEIXEIRA, Ana Carolina Nogueira Rocha Lima, Luana Souza Aragão Monteiro, Ednardo Ramos De Meneses, Gabriella Fidelis De Sá, Joana Alves Carneiro, Caio Pessoa Cruz, Francisco Adriano Brito Aguiar Júnior, João Luis Matos Ribeiro, Manoel Alves Mota Neto