41º Congresso Norte Nordeste de Cardiologia e 27° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

“Síndrome de Eisenmenger: manifestações clínicas pós-gravidez”

Introdução

A síndrome de Eisenmenger (SE) consiste na elevação da pressão arterial pulmonar à níveis sistêmicos decorrente da comunicação sistêmica-pulmonar congênita persistente, sendo a Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) irreversível a representação fenotípica mais grave relacionada à cardiopatia congênita (CC). Os sintomas principais incluem cianose, dispneia aos esforços e palpitação, os quais podem surgir em diferentes faixas etárias dependendo da causa base. O prognóstico tende a ser desfavorável, sobretudo quando associado à gestação, apresentando uma taxa de morbimortalidade materna e neonatal muito elevada.

Descrição do caso

F.A.S., 37 anos, mulher, casada, mãe de 1 filho e diagnosticada com persistência do canal arterial, asma e HAP. Foi entrevistada durante visita domiciliar, na região Seridó do Rio Grande do Norte. O desenvolvimento da hipertensão pulmonar ocorreu após a gravidez, em 2010. Apesar do alto risco gestacional, a paciente foi acompanhada no pré-natal e evoluiu sem intercorrências. Relatou que nesse período conseguia fazer longas caminhadas, limpar a casa, lavar a louça e tomar banho normalmente. Porém, em 2012, passou a apresentar episódios de fadiga, dor torácica, cianose periférica e dispnéia ao realizar as atividades habituais, sendo submetida à avaliação por ecocardiograma transtorácico (ETT), quando foi diagnosticada com HAP (CID:I270), evoluindo com Síndrome de Eisenmenger, em classe funcional III NYHA. Em 13/04/2022, no Teste de Caminhada de Seis Minutos, teve queda da saturação (48%) no tempo 2’44”, sob oxigênio suplementar a 4L/min. Em 18/04/2022, no último ETT, apresentou HP de 93 mmHg. Atualmente, faz uso de Sildenafil 75 mg/dia e Ambrisentana 10 mg/dia. Esse tratamento permite que ela siga sua rotina com pouca manifestação clínica. A ausência de tais medicações implica na piora substancial da evolução clínica e na necessidade de internação para estabilizar o quadro, episódio já vivenciado pela paciente em 2019.

Conclusões

As alterações fisiológicas da gestação podem ser gatilhos para complicações quando associadas às CC não tratadas, nesse contexto, é importante acompanhar longitudinalmente a gestante, já que as repercussões podem surgir a longo prazo. Destaca-se, também, a necessidade da correção precoce de anormalidades cardíacas, sobretudo dos shunts de comunicação sistêmica-pulmonar, visto que essa condição predispõe o SE. Essa, por sua vez, além de dificultar novas gestações, determina prognósticos desfavoráveis à vida e à manutenção de sua qualidade.

Área

Medicina

Autores

LUCAS AURELIO DANTAS SILVA, Antônio Francisco Cortez FILHO, Polyanna Tertulino BEZERRA, Gerson Barbosa Nascimento, Jofranklin Dantas ANDRADE