Dados do Trabalho

Título

IMPLICAÇÕES CARDIOLÓGICAS DO CONSUMO EXCESSIVO DE ENERGÉTICOS

introdução e/ou fundamentos

Energéticos são bebidas não alcoólicas com combinações de ingredientes que comumente incluem cafeína. Esses produtos têm ganhado uma significativa popularidade no mundo, sendo muito consumidos por jovens e adultos. De acordo com a Drug Abuse Warning Network, o número de visitas emergenciais a postos de saúde envolvendo o abuso de bebidas energéticas ultrapassou 20 mil ocorrências em 2011. Há diversos relatos de eventos cardiovasculares relacionados ao abuso dessas substâncias – de arritmias severas a paradas cardíacas fatais. Esse cenário levanta um alerta para um possível problema de saúde pública. Assim, é fundamental que se entenda os efeitos das bebidas energéticas sobre o sistema cardiovascular.

Objetivos

Elucidar, segundo a literatura, os efeitos do consumo excessivo de bebidas energéticas sobre o sistema cardiovascular.

Métodos

Levantamento bibliográfico na base de dados PubMed. Incluíram-se ensaios clínicos randomizados, revisões de literatura e sistemáticas publicados entre 2017 e 2022. Foram excluídos artigos cujo conteúdo abordava a temática de maneira indireta.

Resultados e Conclusões

Foram selecionados 16 artigos: 6 estudos controlados, 2 revisões sistemáticas e 8 revisões de literatura.
Constatou-se que o consumo excessivo de bebidas energéticas altera os valores de intervalo QT corrigido (QTc), pressão arterial média, pressão sistólica e agregação plaquetária. O prolongamento do intervalo QTc – fator de risco para arritmias, especialmente em indivíduos com distúrbios congênitos de intervalo QTc – é o principal efeito eletrocardiográfico agudo evidenciado pelos testes controlados na literatura: constatou-se que doses de aproximadamente 1000 ml de energético associavam-se a alterações de aproximadamente 15 ms no intervalo QTc. Ademais, elevações de 4-5 mmHg na pressão arterial são descritas, de forma que hipertensos devem evitar tais produtos. Também, um estudo realizado em 50 indivíduos saudáveis mostrou que o consumo de energéticos aumentou agudamente a agregação plaquetária e reduziu a função endotelial, sugerindo um possível risco para eventos coronarianos –– vale ressaltar que já existem relatos que descrevem tais eventos associados ao consumo de energéticos. Assim, acredita-se que os efeitos cardiovasculares das bebidas energéticas – principalmente sobre o ritmo cardíaco – sejam derivados da cafeína. Contudo, ainda não foi estabelecido se suas demais substâncias atuam isolada ou conjuntamente, de forma que mais estudos são necessários para melhor compreensão desses mecanismos.