V Congresso Cearense de Infectologia

Dados do Trabalho


Título

COMPLICAÇOES INTRACRANIANAS DE UMA OTITE MEDIA AGUDA: RELATO DE CASO

Resumo estruturado

Objetivo: Conhecer certas complicações intracranianas de Otite Média Aguda (OMA) através de um relato de caso ocorrido no Hospital Geral de Fortaleza (HGF).
Relato: Homem, 31 anos, carregador, natural de Umari-CE e procedente de Fortaleza-CE. Diagnosticado com Acromegalia e submetido à ressecção cirúrgica de tumor hipofisário secretor de GH, que comprimia quiasma óptico em 2013, evoluindo com DM2 e carência tireotrófica e gonadotrófica. Há 3 meses da admissão, foi diagnosticado com OMA, tratado com amoxicilina 500mg 8/8h por 15 dias, sem melhora. Evoluiu com cefaleia, vômitos em jato e rigidez nucal, realizou-se TC de crânio e análise do líquor e foi demonstrado aumento de celularidade neutrofílica e isolado bacilo gram negativo. Sendo diagnosticado com Meningite e tratado com ceftriaxona 2g 12/12h por 3 semanas. Após 2 semanas, apresentou 2 episódios de movimentos anormais em membro inferior esquerdo, durante 5 minutos, sem perda de consciência ou liberação esfincteriana, associado com paresia e disestesia súbitas em dimidio esquerdo (DE), com melhora espontânea após algumas horas. No dia seguinte, cursou com novos episódios de crises focais de aspecto clônico em membros esquerdos, associados à paralisia de Todd, sendo aventada hipótese de Epilepsia Remota, decorrente da Meningite. Apresentava hiperglicemia de difícil controle, sendo cogitado hemibalismo-hemicorreia secundária à mesma. Foi realizado tratamento anti-convulsivo com fenitoína dose de ataque e manutenção e carbamazepina 600mg/dia. Paciente cursou com plegia e parestesia em DE fixas. Na Tomografia Computadorizada de crânio sem contraste e no estudo do líquor não houve alterações. A Ressonância Magnética evidenciou formação ovalada medindo 1,3X1,3X1,1cm, circundado por halo de edema com discreto apagamento de sulcos locorregionais, caracterizando abcesso em giro pré-central direito com empiema adjacente. Foi prescrito ceftriaxona, por imaginar tratar-se do mesmo germe isolado previamente, dexametasona e insulina. Paciente evoluiu inicialmente bem, não mostrando alterações no eletroencefalograma. Após dose de 4mg 6/6h durante 5 dias de dexametasona, iniciou-se desmame, com piora sintomática e retorno das crises convulsivas. Nova TC de crânio evidenciou piora do edema. Após retorno de corticoide, aumento da dose de carbamazepina 1000mg/dia e escalonamento de antibioticoterapia para cefepime 6g/dia, vancomicina 2g/dia e metronidazol 1000mg/dia, evidenciou-se melhora do paciente. Atualmente, está em acompanhamento fisioterápico, sem déficits e novas crises.
Conclusão: A OMA é uma inflamação do ouvido médio incomum em adultos. Sua disseminação intracraniana é rara, e pode provocar meningite e/ou abcessos cerebrais. Desse modo, as complicações intracranianas são consideradas de alto risco, necessitando de ação médica imediata, antibioticoterapia, intervenções cirúrgicas, quando preciso, e uma abordagem multidisciplinar para o sucesso do tratamento.

Palavras-chave (máximo 3)

abscesso cerebral; otite média; meningite

Área

Infecções bacterianas e micobacterianas

Autores

Juliana Melo de Andrade, Pedro Gomes Pinto Holanda, Larissa Moreira Câmara Fernandes, Ivna Lacerda Pereira Nobrega