V Congresso Cearense de Infectologia

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: NEUROCRIPTOCOCOSE

Resumo estruturado

INTRODUÇÃO: A Criptococose é uma micose sistêmica cosmopolita, sendo uma das infecções oportunistas mais prevalentes em pacientes imunodeprimidos, especialmente em pacientes vivendo com HIV/AIDS. A porta de entrada é inalatória, e é causada por fungos leveduriformes de duas variantes: Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii, sendo o primeiro oportunista, e o segundo endêmico de regiões tropicais e subtropicais, acometendo também indivíduos imunocompetentes. A mortalidade por Criptococose no Norte e Nordeste do Brasil situa-se entre 35 a 40%. OBJETIVO: Relatar um caso de meningoencefalite fúngica num adolescente imunocompetente. METODOLOGIA: Revisão do prontuário e da literatura relacionada ao tema. RELATO: RSL, masculino, 16 anos, previamente hígido, iniciou quadro de cefaleia holocraniana, náuseas, vômitos, febre e dor lombar. Após três e seis dias do início dos sintomas procurou atendimento médico, sendo orientado para uso de analgésicos e antitérmicos, sem melhora. Após nove dias apresentou lipotimia, ocasião em apresentava 24.200 leucócitos/mm3, foi hospitalizado apresentando sinais rigidez de nuca e sinais de Brudzinski e Kerning presentes. Liquor: límpido, 134 células/mm3 (linfócitos 84%), proteínas 54mg/dL, glicose 49mg/dL, bacterioscopia negativa. Foi iniciado tratamento com ceftriaxona, oxacilina e aciclovir, porém houve piora da cefaleia, dos vômitos, além de hipertensão arterial, mesmo com uso de manitol. Na cultura do líquor foi identificado Cryptococcus neoformans, ocasião em o esquema antimicorbiano foi substituído por Anfotericina B deoxocicolato + Fluconazol e foi submetido a punções lombares de alívio, obtendo-se melhora progressiva. Sorologia negativa para HIV. DISCUSSÃO: A evolução clínica subaguda com sinais de irritação meníngea e de hipertensão intracraniana e o resultado da cultura confirmaram o diagnóstico de meningite por Cryptococcus neoformans. Os achados do líquor, mais sugestivos de meningite viral, e a queixa de dor lombar, que não é habitual nessa condição, contribuíram para retardar o diagnóstico. Ao contrário dos adultos, nas crianças a infecção pelo HIV/AIDS a meningite criptocócica não é tão frequente e deve ser pensada mesmo na ausência de deficiência imunológica, como no caso relatado. CONCLUSÃO: Nos pacientes com meningite com evolução subaguda a etiologia fúngica deve ser pensada a fim de evitar retardo no tratamento. Para tanto, a coloração do líquor pela tinta da China e a pesquisa de antígeno criptocócico devem ser solicitadas, pois a demora da cultura para fungos pode representar um tempo precioso.

Palavras-chave (máximo 3)

Neurocriptococose. Infecção.

Área

Miscelânea

Autores

Larissa Pio Dias, Robério Dias Leite, Caroline Antunes De Almeida, Fernanda Lennara Pereira, Laís Regina Lacerda Santana, Luis Fernando Johnston Costa, Pablo Eliack Linhares De Holanda, Gláucia Maria Lima Ferreira