V Congresso Cearense de Infectologia

Dados do Trabalho


Título

MENINGITE POR PSEUDOMONAS CORRELACIONADA A OTITE MEDIA CRONICA COLESTEATOMATOSA: RELATO DE CASO

Resumo estruturado

Introdução: Otite média (OM) é uma das doenças infecciosas mais prevalentes em todo o mundo: mais de 80% das crianças sofrem um episódio de OM antes dos três anos, e 40% terão apresentado seis ou mais recorrências por volta dos sete anos. No mundo, OM é a terceira causa mais importante de perda de audição, com uma prevalência de 30,82/10 mil habitantes. Nesse contexto, a Otite Média Crônica Colesteatomatosa é considerada uma lesão epitelial benigna, de expansão gradual e destrutiva, que acomete a fenda auditiva e estruturas adjacentes. O acúmulo epitelial e a erosão óssea, características da doença, tipicamente resultam em hipoacusia e otorreia contínua. Com a progressão da doença, podem ocorrer complicações extracranianas e intracranianas graves. Objetivo: Descrever um caso de complicação infecciosa consequente de Otite Média Colesteatomatosa em Fevereiro de 2018, no estado do Ceará. Caso Clínico: Paciente de 39 anos, montador em usina eólica, procedente de Trairi, procurou atendimento no Hospital Municipal de Trairi, de onde foi encaminhado para o Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ) no mesmo dia (16/02/2018), com queixa de "dor de ouvido e dor de cabeça" há 3 dias. Paciente relata história de Otite Média de Repetição e apresentou quadro de otalgia e secreção purulenta em orelha direita, que evoluiu, em 2 dias, com vertigem, cefaleia holocraniana latejante de forte intensidade, vômitos, agitação psicomotora, desorientação e rigidez de nuca. Nega febre no período. Devido a hipótese de Meningite Pneumocócica, iniciou-se Ceftriaxona e Dexamentasona. Evoluiu com melhora parcial da sintomatologia ao longo do período. Tomografia Computadorizada (TC) de mastoide evidenciou Otite Média Crônica Colesteatomatosa com erosão do tegumento timpânico e do labirinto ósseo em orelha direita. TC cervical não evidenciou alterações. Após resultado de cultura de liquor positiva para Pseudomonas aeruginosa, modificou-se o esquema de antibioticoterapia para Cefepime, em 05 de março. Realizaram-se novas punções com persistência de alterações em bioquímica e celularidade compatíveis com infecção, mas com melhora dos parâmetros do liquor. O parecer do serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) concluiu que o caso era cirúrgico. No dia 15/03/2018, foi transferido para o serviço de infectologia do HUWC, onde foi submetido a cirurgia para reparação da doença de base. Fez um total de 6 semanas de antibioticoterapia guiada por antibiograma e recebeu alta em excelentes condições. Conclusão: O tratamento precoce e agressivo das otites médias crônicas colesteatomatosas complicadas pode diminuir a morbimortalidade da doença. Em pacientes que fazem meningite bacteriana aguda e têm história de otorreia crônica, é importante adicionar cobertura empírica antipseudomônica na antibioticoterapia inicial.

Palavras-chave (máximo 3)

Meningite; Otite Media; Pseudomonas

Área

Infecções bacterianas e micobacterianas

Autores

Thiago Belmino Almeida Bernardo Evangelista, Amanda Souza Moreira, Joana Amaral Acioly, Wirio Igor Morais, Carolina Murad Regadas, Guilherme Alves de Lima Henn