V Congresso Cearense de Infectologia

Dados do Trabalho


Título

ANALISE CLINICO-EPIDEMIOLOGICA DOS OBITOS POR LEISHMANIOSE VISCERAL NO PERIODO DE 2017 A 2018 EM HOSPITAL DE REFERENCIA NO CEARA

Resumo estruturado

INTRODUÇÃO: A leishmaniose visceral (calazar) é uma zoonose transmitida por vetores do gênero Lutzomyia longipalpis, de elevada letalidade. O agente etiológico da LV, no Brasil, é o protozoário Leishmania donovani, que tem como principais reservatórios naturais os cães e as raposas De acordo com a secretaria de saúde do estado do Ceará a letalidade da doença foi, no período de 2008 a 2017, de 5,7%. Além da letalidade nota-se também grande incidência, fazendo-nos compreender o grande número de óbitos por calazar no estado (335 óbitos nos 5600 casos confirmados nesse período). OBJETIVO: Analisar perfil clínico e epidemiológico dos óbitos em pacientes com leishmaniose visceral internados em hospital de referência no estado do Ceará. METODOLOGIA: Foi feito um estudo descritivo de dados coletados do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN) de pacientes hospitalizados e notificados com leishmaniose visceral em hospital de referência no Ceará, de janeiro de 2017 a junho de 2018. RESULTADOS: Um total de 236 casos foram notificados no período avaliado. Do total de casos, 26 pacientes (11%) evoluíram com óbito, dos quais 16 (61,5%) ocorreram em 2017 e 10 (38,4%) até junho de 2018. Dentre os óbitos, 20 (77%) foram por LV e 6(23%) por outras causas. A média de idade dos pacientes do grupo foi de 53,3 anos com desvio padrão de 18,3, sendo 88 anos a maior idade e 18 a menor. Na distribuição por sexo, 20 (77%) eram do sexo masculino e 6 (23%) do sexo feminino. Do grupo, 9 pacientes (34,6%) tinham coinfecção com HIV. Para diagnóstico da doença, 24 pacientes (92,3%) tiveram confirmação por critério laboratorial e 2 (7,7) por critério clínico-epidemiológico. Para o critério laboratorial, 8 (33,3%) tiveram parasitológico positivo, 2 (8,3%) tiveram imunofluorescência indireta positiva e 14 (58,3%) realizaram outros métodos. Dentre os esquemas terapêuticos, 17 pacientes (65,4%) utilizaram anfotericina b lipossomal, 1 (3,8%) anfotericina b, 1 (3,8%) antimonial pentavalente e 7 (26,9%) não utilizaram drogas. A média de dias decorridos entre a data do início do tratamento e a data do óbito foi de 11 dias. As principais manifestações clínicas foram febre em 22 pacientes (84,6%), perda de peso em 14 (53,8%), esplenomegalia em 19 (73%), hepatomegalia em 15 (57,7%), icterícia em 6 (23%) e tosse em 14 (53,8%). CONCLUSÃO: Percebe-se que a LV pode ser uma doença bastante letal, especialmente se não for diagnosticada e tratada precocemente. O sexo masculino e a maior idade se mostraram agravantes e fatores de maior gravidade com mais risco de evolução para óbito. É importante a busca por fatores de imunossupressão para uma abordagem terapêutica mais eficaz e diminuição da mortalidade por tal doença.

Palavras-chave (máximo 3)

Leishmaniose
Calazar
Óbitos

Área

Doenças tropicais

Autores

Francisca Lillyan Christyan Nunes Beserra, Pedro de Lima Menezes, David Mendes de Melo, Madalena Isabel Coelho Barroso, Janaila Maria de Aguiar Silva, Vinícius Calvário Alvares Pinheiro