V Congresso Cearense de Infectologia

Dados do Trabalho


Título

RESISTENCIA AOS INIBIDORES DA INTEGRASE NO TRATAMENTO DE PACIENTE COM HIV/AIDS: RELATO DE CASO

Resumo estruturado

Introdução: Tanto o raltegravir (RAL) quanto o dolutegravir (DTG) são inibidores da integrase (INI), que fazem parte do protocolo de recomendações terapêuticas do Ministério da Saúde. O Brasil dispõe de um protocolo específico para o tratamento do HIV/Aids e estudos mostram que 20% apresentam falha terapêutica e necessitam de um tratamento de terceira linha. O RAL é recomendado atualmente para pacientes com tuberculose ou gestantes, em alternativa ao DTG, que nos demais pacientes é a medicação de escolha pela maior barreira genética e comodidade posológica. Nesse contexto, a monoterapia funcional, que consiste no uso de apenas um ARV plenamente ativo associado a outros com atividade reduzida ou inativos, deve ser evitada pelo risco de perder uma classe inteira na falha do regime. Objetivo: Analisar o caso de um paciente que adquiriu resistência ao uso dos INI no tratamento de HIV. Descrição do caso: Paciente masculino, 54 anos, portador de HIV/Aids desde 2010, em uso de terapia antirretroviral (TARV), com AZT/3TC/Efavirenz, de forma irregular. Internação no Hospital São José em setembro de 2017 com quadro de febre, tosse e perda de peso (cerca de 6 kg), sendo diagnosticado com tuberculose pulmonar. Foi iniciado o tratamento RIPE (associação de rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol). Nesse período, a sua TARV inicial foi retornada com TDF/3TC/EFZ, e o paciente apresentou disfunção renal. Em agosto do mesmo ano, a sua contagem de LTCD4 estava em 275 cels/mm3. Em 10/11/17, quando estava em acompanhamento ambulatorial pela TB, no 5º mês de tratamento, referiu tosse, e a sua TARV foi trocada por AZT/3TC+RAL, questionando-se a sua tolerância sobre o EFZ. No dia 02/03/18, paciente terminou o tratamento para TB e relatou boa resposta, além de uso regular da TARV, porém, a carga viral estava em 369 cópias/ml e a segunda subsequente em 2017 era de 6.796 cópias/ml. Foi solicitada a genotipagem para guiar a troca da TARV após o fim do tratamento da TB. O resultado da genotipagem mostrou que o paciente apresentava subtipo B com tropismo por CXCR4. Na integrasse, as mutações encontradas foram: E138K, G140A e Q148K, evidenciando alto nível de resistência para a classe (RAL, DTG e ELV). Além disso, mutações na transcriptase reversa foram: D67N, K70R, K101Q, K103N, M184V, K219E, com baixo nível de resistência ao TDF. Na protease, as mutações foram: E35D, R41K, L63P, A71T, V77I, I93L, evidenciando sensibilidade plena aos Inibidores de protease. Foi prescrito regime de resgate com TDF/3TC/ Darunavir/r e ETV, ainda sem retorno. Conclusão: O uso de inibidores de integrase de baixa barreira genética, como o Raltegravir, em monoterapia funcional, pode levar à resistência completa da classe terapêutica. A prescrição de RAL em gestantes e em pacientes com tuberculose deve levar em consideração esquema prévios e risco de resistência aos ITRNs.

Palavras-chave (máximo 3)

tratamento do HIV/Aids; resistência medicamentosa; inibidores da integrase.

Área

HIV/ AIDS

Autores

Melina Maria Loiola Melo Vasconcelos, Maria Letícia Cavalcante Magalhães, Gabrielle Monte Studart, Tainá Duarte Holanda, Lara Farias Lustosa da Costa, Ana Luiza Maria Viana de Araújo, Lana Burgos Pinheiro Castelo Branco, Melissa Soares Medeiros