V Congresso Cearense de Infectologia

Dados do Trabalho


Título

ANALISE EPIDEMIOLOGICA DA HANSENIASE NO ESTADO DO CEARA ENTRE OS ANOS 2013 E 2017.

Resumo estruturado

Introdução: A hanseníase é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, cuja transmissão ocorre pelo contato íntimo e prolongado do indivíduo suscetível com o paciente bacilífero. É de notificação compulsória no Brasil, país com maior incidência da doença no mundo, e acomete preferencialmente pele e nervos periféricos. O diagnóstico precoce continua sendo o elemento mais importante na cura da doença, diminuição de morbidade e redução da transmissão. É curável a partir do tratamento poliquimioterápico, ofertado gratuitamente pelo SUS. Métodos: Os dados foram colhidos mediante análise das informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) sobre Hanseníase, no período de 2013-2017 e com a faixa etária entre 20 e 69 anos. Foram excluídos os casos marcados com ignorados/em branco ou indeterminados. Resultados: Foram detectados 998 casos, sendo 59,2% do sexo feminino, durante os anos de 2013 até 2017. Em relação à faixa etária, obteve-se: 10,8% entre 20 e 29 anos, 19,4% entre 30 e 39 anos, 25,2% entre 40 e 49 anos, 23,1% entre 50 a 59 anos e 21,3% entre 60 e 69 anos. A maioria (54,5%) dos pacientes apresentou lesão única, seguidos de 2 a 5 lesões (35,1%), > 5 lesões (7,9%) e nenhuma lesão (2,3 %). No que tange as formas clínicas, 48,6% assumiram a forma tuberculóide, 25,8% a forma indeterminada, 14% a forma dimorfa, 6,8% obtiveram forma clínica não classificada e 4,6% a forma virchowiana. A respeito dos nervos afetados, a maioria dos pacientes (90,2%) não apresentou acometimento neural, 9,5% sofreram afecção de < 5 nervos e 0,2% sofreram lesão de > 5 nervos. Quanto ao modo de detecção, constata-se que 58% foram detectadas após encaminhamento, 38% durante atendimento de demanda espontânea, 2% por exame de contato e 1,6% por exame de coletividade. Dentre o período avaliado, o ano com mais casos detectados foi o de 2016 com 29% dos casos, seguido pelo ano de 2014 (27%). Quanto à evolução dessa população, 96% progrediram para cura da enfermidade, 2,3% abandonaram o acompanhamento da doença e 1% evoluíram com óbito. Não foi constatado nenhum erro diagnóstico durante o período avaliado. Discussão: Embora tenha havido redução da prevalência da hanseníase pela implementação da poliquimioterapia e outras medidas preventivas, ainda há elevada circulação do bacilo na sociedade. Esse aspecto pode tornar mais complexos outros desafios no seu controle: detecção precoce, tratamento duradouro, exame de contatos e estigma. Maior destaque passou a ser dado à redução de incapacidades, o que tem impacto na redução do estigma e da discriminação relacionados à doença. A análise de dados epidemiológicos acerca da hanseníase oferece informações sobre a eficiência operacional dos serviços envolvidos no seu controle, visto que indivíduos diagnosticados e não curados inflam a prevalência e indicam que os serviços de saúde não estão seguindo o protocolo terapêutico, ou então que há dificuldade de adesão da população ao tratamento.

Palavras-chave (máximo 3)

Hanseníase, Análise Epidemiológica, Ceará

Área

Infecções bacterianas e micobacterianas

Autores

Letícia Nobre Limas, Evisa Christial Oliveira de Paula, Gabriela Silva Teles, Júlia Maria Souto Mourão Silva, Larissa Alexandrino de Oliveira, Lília Torquilho Almeida, Rafaela Araújo Nogueira, Stephanie Haila Bezerra Castro Sá