IX Congresso Brasileiro e VII Congresso Internacional da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física

Dados do Trabalho


Título

Estudo epidemiológico das lesões e acompanhamento do trauma de cabeça no Campeonato Brasiliense de Futebol

Resumo (máximo 3000 caracteres com espaço)

A concussão cerebral (CC) é uma lesão muito comum na prática do futebol. Estima-se que cerca de 3% dos traumas na modalidade sejam dessa natureza. É um evento de difícil diagnóstico, controle e com potenciais riscos imediatos e de longo prazo. Com base na Declaração de Consenso sobre Concussão no Esporte, baseada na 5ª Conferência Internacional sobre Concussão no Esporte, realizada em Berlim, há práticas recomendadas que devem ser seguidas na avaliação pré-temporada, bem como na decisão de voltar a jogar após uma concussão diagnosticada. Objetivos: O objetivo deste estudo foi estabelecer um programa de gerenciamento de concussão para jogadores de futebol brasilienses com base na formação de atletas, treinamento dos médicos envolvidos com os atletas, testes cognitivos de pré-temporada e pós-concussão e acompanhamento clínico até o retorno ao esporte. Métodos: Imediatamente após o registro dos times de futebol da primeira divisão do Campeonato de Brasília (novembro de 2018), todas as equipes foram convidadas pelo Departamento de Medicina Esportiva do Hospital HOME / FIFA Medical Center of Excellence, para serem submetidas ao protocolo de avaliação de concussão, que incluiu avaliação clínica, mensuração da força muscular cervical com dinamômetro manual, escala de sintomas relacionada à concussão, o Balance Error Scoring System modificado (mBESS) para apoio unilateral e protocolo computadorizado de testes cognitivos (Ubrain®) com 4 tarefas cognitivas que mediam tempo de reação, tempo de reação de escolha, precisão da memória episódica e velocidade e precisão da memória de trabalho. Parte da comissão técnicad as equipes também estava presente para uma palestra e foram treinados sobre como detectar a CC e o processo pelo qual o atleta deve seguir após o traumatismo. Resultados: Os dados foram coletados de 163 atletas profissionais, integrantes de 7 equipes locais, todos do sexo masculino, sendo 22,1% atacantes, 10,6% goleiros, 15% laterais, 31,9% centrais e 20,4% defensores. A média de idade foi de 24,97 anos. Foi mostrado que 25% dos atletas já haviam passado por pelo menos um episódio de CC antes. Apenas um dos 33 atletas que relataram CC anteriores foi realmente diagnosticado. Todos os outros não receberam diagnóstico adequado. Todos os atletas realizaram um teste de base cognitiva pela primeira vez e 80% obtiveram êxito em todos os 5 critérios de integridade cognitiva. Os outros 20% foram solicitados a repetir os testes posteriormente. Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os resultados dos atletas com históricos de CC e os que nunca haviam sofrido o trauma. No Brasil, a CC no futebol ainda é subestimada. Mais programas de educação e avaliação são necessários para mudar esses números e os riscos aos quais os atletas estão sendo submetidos. Foi demonstrado que é possível realizar uma triagem pré-temporada com jogadores de futebol no Brasil, utilizando avaliações cognitivas, clínicas e computadorizas.

Palavras-chave (máximo 3)

Futebol, Concussão Cerebral, Traumatismos em Atletas

Área

Epidemiologia

Autores

Pedro Henrique Crema, Pedro Nunes Silva, Moacir Silva Neto, Marcio Oliveira, Ana Carolina Silva Albuquerque, Carlos Rocha do Nascimento