13º Congresso Cearense de Pediatria

Dados do Trabalho


Título

CHIKUNGUNYA CONGENITA: RELATO DE UM CASO.

Introdução

Chikungunya é uma arbovirose transmitida pelos mosquitos Aedes, e também por via vertical e parenteral. É geralmente benigna, mas o desfecho neurológico, até fatal, já foi descrito. O risco de transmissão materno-fetal é maior quando a gestante está sintomática no período periparto, durante o qual chega a 49%.

Objetivos

Revisar os achados clínicos e neurorradiológicos da Chikungunya congênita.

Relato do caso

F.C.B.T., masculino, nascido de parto cesáreo, a termo, filho de mãe recém-diagnosticada com Chikungunya, apresentou febre, rash com lesões bolhosas disseminadas e hipoatividade. Foi constatada sorologia positiva para Chikungunya. Realizada ressonância magnética de encéfalo, que evidenciou alterações focais da substância branca supratentorial, predominando nas regiões peritrigonais, caracterizadas por hipersinal nas sequências T2/flair e T1, uma delas exibindo restrição à difusão no centro semioval à esquerda e marcada restrição à difusão homogênea e simétrica no joelho e esplênio do corpo caloso e radiações ópticas. O paciente evoluiu bem e teve alta com 13 dias de vida. Nos retornos subsequentes foi percebido desenvolvimento neuropsicomotor adequado e exame neurológico normal até os 12 meses, apresentando apenas limitação da articulação interfalangeana proximal do quarto quirodáctilo direito e relato de crises de perda de fôlego ao chorar.

Discussão

O mecanismo fisiopatológico das manifestações neurológicas da Chikungunya ainda é desconhecido. Parece haver neurotropismo do vírus, gerando lesão vascular e congestão cerebral. Embora existam poucos relatos detalhando neuroimagens na Chikungunya, até o momento, sugere-se que seriam anormalidades na região subcortical da substância branca, com múltiplos focos de hipersinal no T2 e restrição à difusão. Autópsias correlatas sugeriram que esses achados decorrem de um processo de desmielinização subcortical.

Conclusões

As complicações neurológicas da Chikungunya são raras, mas os pediatras devem ficar atentos para a ocorrência das sequelas neurológicas, especialmente em lactentes. Recomenda-se acompanhamento de pelo menos 2 anos nos casos confirmados de Chikungunya neonatal congênita ou adquirida.

Palavras-chave (máximo 5, de acordo com o DeSC)

Chikungunya; arbovirose; neuroimagem; recém-nascido; transmissão vertical de doença infecciosa

Área

Neurologia

Autores

JOANA THAYNARA TORRES VIANA, NORMA MARTINS MENEZES MORAIS, DANIEL AGUIAR DIAS, JULIANA MIRANDA TAVARES, SINARA MENESES FERREIRA, EDINE COELHO PIMENTEL