Dados do Trabalho
Título
ESPOROTRICOSE HUMANA: RELATO DE DOIS CASOS AUTOCTONES NO ESTADO DO CEARA
Introdução
Esporotricose é uma micose subcutânea causada pela espécie Sporothrix spp. endêmica na América Latina. O contágio se dá com contato direto com solo contaminado, ou através de mordedura ou arranhadura de animais doentes, principalmente felinos. O Ceará teve o primeiro caso diagnosticado em gatos em 2022.
Objetivo
Relatar dois casos de esporotricose humana acompanhados no ambulatório de micoses, no Hospital São José.
Descrição do caso ou Relato de experiência
Caso 1: Paciente do sexo feminino, 46 anos, procedente de Porteiras/CE, relata aparecimento de mácula eritematosa na região cervical esquerda, com linfonodos palpáveis, após arranhadura de gato, em Junho/2022. O animal apresentava úlcera facial há meses, sendo sacrificado pela vigilância de zoonoses municipal. Após avaliação no ambulatório de micoses do HSJ, a paciente realizou biópsia da lesão e cultura de pele. No exame anatomopatológico foi observada dermatite crônica granulomatosa, não caseosa. Pesquisa negativa para BAAR e fungos. Na cultura do fragmento de pele houve crescimento de Sporothrix spp. Foi iniciado tratamento com itraconazol 200mg/dia com melhora do quadro. Caso 2: Paciente do sexo feminino, 64 anos, procedente de Iracema/CE, apresentou quadro de duas lesões bolhosas em punho e antebraço esquerdos, as quais evoluiram para úlceras cofluentes com sinais flogísticos e exsudato. Há cinco meses, antes do início das lesões, foi mordida por um gato na mão esquerda. O animal apresentava úlcera facial e foi abandonado. Paciente realizou biópsia da lesão e cultura de pele. No exame anatomopatológico foi observado derme com moderado infiltrado inflamatório composto por linfócitos, plasmócitos e macrófagos formando granulomas não caseosos. Na cultura de pele não houve crescimento fúngico. Sorologia para esporotricose foi reagente. Iniciado tratamento com Itraconazol 200mg/dia com melhora importante do quadro.
Discussão
Esporotricose se caracteriza por lesões pequenas, podendo ser pápula ou nódulo, que evoluem com ulceração, com ou sem secreção mucopurulenta, podendo acometer linfonodos regionais. Nos casos abordados, ambas as pacientes apresentavam arranhadura ou mordedura por felinos possivelmente doentes. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para uma evolução favorável.
Conclusão
Apesar da esporotricose não ser uma doença endêmica no Ceará, é importante que ela seja conhecida pela população a fim de identificar animais doentes e evitar a transmissão fúngica.
Palavras-chave
Esporotricose; Úlcera Cutânea; Micose Subcutânea
Área
Infecções Fúngicas
Instituições
Hospital São José - Ceará - Brasil
Autores
Antônio Mauro Barros Almeida Júnior, Iury Magalhães Dutra de Melo, Larissa Moura Barbosa, Letícia Estela Cavalcante Sousa, Marcos Abreu de Almeida, Rosely Maria Zancopé Oliveira, Lisandra Serra Damasceno