VI Congresso Cearense de Infectologia

Dados do Trabalho


Título

FATORES PREDITORES PARA OBITO EM PACIENTES COM MENINGITE CRONICA DURANTE A PANDEMIA PELO COVID-19: UMA QUESTAO DE IMUNOSSUPRESSAO?

Introdução

A meningite crônica caracteriza-se pelo quadro clínico compatível com meningite com pelo menos 30 dias de sintomas clínicos e evidência de pleocitose no líquor (LCR). Imunossupressão é um fator de risco que com frequência está envolvido no desenvolvimento da doença, como por exemplo através da infecção pelo HIV. Fatores preditores para óbito nas meningites crônicas são desconhecidos.

Objetivo

Descrever o perfil clínico-epidemiológico e preditores de óbito dos pacientes com meningite crônica em hospital terciário de doenças infecciosas.

Método

Trata-se estudo de coorte retrospectiva (Janeiro de 2020 a Dezembro de 2021) composta por pacientes internados com suspeita de meningite/meningoencefalite. As variáveis clínico-laboratoriais dos pacientes que evoluíram para óbito foram comparadas com os pacientes que foram de alta. Os dados foram compilados para o Excel Versão 2109 e a análise estatística foi realizada com teste qui-quadrado; foi considerada significância estatística p < 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do hospital.

Resultados

Foram inseridos no estudo 312 pacientes. Quarenta e seis pacientes foram excluídos pela ausência de dados e 110 pacientes por não terem o diagnóstico de meningite confirmado. Dessa forma, foram analisados 156 pacientes com meningite. Destes, 23 (15%) eram portadores da forma crônica. A mediana de idade foi 41 anos. A proporção de sexo (M:F) foi de 20:3. A maioria dos casos procedeu de Fortaleza-CE (n=15/23; 65%). As comorbidades identificadas foram: infecção pelo HIV(n=18/23;78%), sequela de tuberculose pulmonar (n=2/23;9%), DM2 (n=1/23;4%), HAS (n=1/23;4%), AVC (n=1/23;4%) e depressão (n=1/23;4%). Sete (30%) pacientes tiveram coinfecção com Covid-19. Os agentes etiológicos identificados foram: M. tuberculosis (n=8/23;35%), T. pallidum (n=4/23;17%), Cryptococcus sp. (n=3/23;13%), Citomegalovírus (n=1/23;4%), Vírus Varicela-zoster (n=1/23;4%) e Herpes vírus tipo 6 (n=1/23; 4%). A mediana de tempo de doença até a admissão foi de 60 dias. Nove (n=9/23; 38%) pacientes evoluíram para óbito. Foram preditores de óbito: infecção pelo HIV (p=0,042), proteinorraquia >160 mg/dL (p=0,035), predomínio de neutrófilos no LCR (p=0,01) e internamento em UTI (p=0,034).

Conclusão

A maioria dos pacientes com meningite crônica eram PVHIV. Alterações liquóricas e HIV foram fatores significantes para o óbito. A contagem de linfócitos L TCD4+ <350 não foi um fator preditor. Durante a pandemia pelo Covid-19 casos de coinfecção puderam ser descritos.

Palavras Chave

Meningite crônicas; Tuberculose; Criptococose; Sífilis; Covid-19;

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Área

Infecção em Imunodeprimidos

Instituições

Hospital São José de Doenças Infecciosas e Unviersidade de São Paulo - Ceará - Brasil

Autores

Luís Arthur Brasil Gadelha Farias, Marcos Maciel Souza, Ângela Maria Veras Stolp, Karene Ferreira Cavalcante, Tania Mara Silva Coelho, Evelyne Santana Girão, Sarah Mendes D'Angelo, Silvia Figueiredo Costa, Lauro Vieira Perdigão Neto