VI Congresso Cearense de Infectologia

Dados do Trabalho


Título

Desenvolvimento das mutações H51Y e E157Q para os inibidores de integrase em paciente com HIV do Subtipo B, em tratamento para Tuberculose Pulmonar: Lições e implicações práticas

Introdução

Os antirretrovirais(TARV) proporcionaram o controle da replicação do HIV e aumento da sobrevida dos pacientes vivendo com HIV. Recentemente, a utilização dos inibidores de integrasse(INI) na infecção pelo HIV proporcionou rápida supressão da replicação e maior facilidade posológica. Mutações do vírus contra o INI são raras e de difícil manejo. Este relato de caso encontra-se sob análise do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital São José de Doenças Infecciosas (CAAE: 61660022.0.0000.5044).

Objetivo

Descrever o caso clínico de um paciente coinfectado HIV/TB que desenvolveu falha na terapêutica do HIV, durante terapia com DTG.

Descrição do caso ou Relato de experiência

Paciente, sexo masculino, 29 anos, foi admitido em novembro de 2020 com massa cervical a direita, associada à febre, tosse seca, hiporexia e mialgia, há mais de duas semanas, além de cefaleia e hemiparesia súbita. Na ultrassonografia cervical foi detectada adenomegalia homolateral. A tomografia computadorizada de tórax mostrou achados compatíveis com tuberculose(TB) miliar ou histoplasmose. O teste rápido molecular para TB(Genexpert® Cepheid) e o teste rápido para HIV mostraram-se positivos. A Carga Viral(CV) inicial era de 437.927cp/ml. Iniciado esquema RIPE; TARV(TDF/3TC/DTG), este último em dose de 50mg/dia; além de terapia com anfotericina B deoxicolato e itraconazol. Houve redução da lesão cervical e controle dos sintomas, com o paciente recebendo alta para seguimento ambulatorial. Em julho de 2021, chegou ao ambulatório fazendo uso de TARV, além do tratamento para TB e histoplasmose, relatando vômitos, náuseas, hiporexia e parestesia na mão e no membro inferior direitos, com CV=12.182cp/ml. Realizou-se troca de TARV para TDF/3TC/EFZ e solicitada genotipagem. No exame, foram encontradas mutações nos genes H51Y e E157Q do vírus, associadas ao desenvolvimento de resistência aos INI, além das mutações K70E e M184V nos genes da transcriptase reversa. Foi submetido a terapia com TDF/3TC/DRV600/RTV100mg, a partir de setembro de 2021, alcançando CV<40cpml em janeiro e agosto de 2022.

Discussão

As mutações a esquema de primeira linha com DTG são raras e de difícil manejo clínico. No caso apresentado, a interação farmacocinética entre a rifampicina e o DTG, que foi utilizado em dose baixa, deve ter contribuído para níveis subinibitórios teciduais e o surgimento das mutações de resistência.

Conclusão

Há que se ter muita atenção quanto ao tratamento antirretroviral de paciente coinfectado com TB, a evitar inadequações posológicas que possam prejudicar a resposta terapêutica.

Palavras-chave

HIV; Resistência antirretroviral; Inibidores de integrasse; Tuberculose.

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Área

HIV-AIDS, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST

Instituições

Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ) - Ceará - Brasil

Autores

Melissa Fiuza Saboya, Luís Arthur Brasil Gadelha Farias, Natália Ponte Fernandes, Érico Antonio Gomes de Arruda