VI Congresso Cearense de Infectologia

Dados do Trabalho


Título

O descompasso entre o número de casos de sífilis em gestantes e sífilis congênita nas capitais do Brasil entre 2016-2021: uma análise epidemiológica

Introdução

A sífilis em gestante (SG), doença de notificação compulsória no Brasil, quando não identificada e tratada adequadamente, é transmitida verticalmente levando à sífilis congênita (SC). Taxas de SC superiores às de SG indicam prováveis lacunas na assistência pré-natal quanto à prevenção, diagnóstico e tratamento da doença, visto que gestantes com seguimento contínuo e adequado não transmitiriam ao feto. Os desafios que acarretam subnotificação identificam pontos vulneráveis na assistência obstétrica e neonatal.

Objetivo

Apontar em quais anos e em quais capitais brasileiras houve descompasso entre o número de casos de sífilis em gestante e sífilis congênita entre 2016 e 2021.

Método

Trata-se de um estudo epidemiológico de abordagem quantitativa, estruturado a partir de dados secundários coletados do SINAN/DATASUS e dos boletins epidemiológicos de sífilis de 2016 a 2021, divulgados pela Secretaria de Vigilância em Saúde. Foram analisadas as variáveis número de casos de sífilis em gestante e número de casos de sífilis congênita por cada capital brasileira.

Resultados

Ocorreu subnotificação de SG em relação à SC em 2016 e 2017 e, novamente, em 2020 e 2021. Em 2016, esse padrão ocorreu em Teresina (162 SG; 334 SC), Fortaleza (335 SG; 850 SC), Natal (84 SG; 260 SC), João Pessoa (15 SG; 21 SC), Recife (207 SG; 899 SC), Maceió (146 SG; 241 SC), Aracajú (68 SG; 216 SC) e Porto Alegre (513 SG; 799 SC). A capital com maior discrepância foi Recife, com cerca de 4,3 vezes mais casos de SC do que de SG. Em 2017, houve descompasso novamente em Teresina (232 SG; 338 SC), Fortaleza (428 SG; 864 SC), Natal (144 SG; 369 SC), João Pessoa (144 SG; 251 SC), Recife (447 SG; 1195 SC) e Porto Alegre (577 SG; 803 SC). Não foi observado esse descompasso em 2018 e 2019. Em 2020, o padrão ocorreu apenas em Florianópolis (11 SG; 41 SC), observado pela primeira vez nesta capital. Em 2021, os casos voltaram ao descompasso em Teresina (49 SG; 61 SC), Porto Alegre (288 SG; 379 SC) e, novamente, em Florianópolis (11 SG; 41 SC).

Conclusão

Observou-se gradativa redução do descompasso entre os casos notificados de SG e de SC de 2016 a 2019. As capitais do Nordeste foram as que apresentaram maiores subnotificações de SG em relação à SC. Em 2020 e 2021, a subnotificação pode ter ocorrido em razão da pandemia de COVID-19. Os achados apontam que existem dificuldades no diagnóstico e tratamento da SG durante o pré-natal, repercutindo em risco de transmissão vertical da infecção e maior número de casos de SC.

Palavras Chave

Sífilis em gestante; Sífilis congênita; Epidemiologia; Pré-natal.

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Área

HIV-AIDS, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST

Instituições

Universidade Estadual do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

Lorena Agra Ramos, Júlia de Hollanda Celestino, Emanuel Victor da Silva Lima, Tayanne Silva Sampaio, Maria Clara da Costa Fernandes, Timóteo Bezerra Ferreira, Larrisa Ciarlini Varandas Sales, Diego Oliveira Maia, Tatiana Paschoalette Rodrigues Bachur