Dados do Trabalho
Título
INCAPACITAÇAO POR HANSENIASE NO CEARA: UMA ANALISE DOS ULTIMOS 10 ANOS
Introdução
A hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo bacilo álcool-ácido resistente Mycobacterium leprae, cuja apresentação clínica é caracterizada por acometimentos da pele e de nervos periféricos. Apesar das melhorias nos métodos de prevenção, diagnóstico e tratamento dessa moléstia, a incapacidade, que pode ser graduada em graus 0 (sem alterações de olhos, mãos e pés), 1 (perda de sensibilidade de mãos e pés) e 2 (lagoftalmo, mãos caída e em garra, reabsorção óssea e pé caído), gerada por esta patologia segue sendo um importante objeto de estudo, uma vez que esses danos podem persistir mesmo após a cura do paciente.
Objetivo
Analisar a epidemiologia da hanseníase no Ceará no período de 2012 a 2021, com o intuito de averiguar a prevalência de seus sintomas de incapacidade, além de caracterizar como eles respondem à cura.
Método
Este trabalho é uma investigação epidemiológica realizada com base nos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Sistema Único de Saúde acerca da epidemiologia da hanseníase. Os dados são limitados ao estado do Ceará. Foram cruzados dados de ano de notificação e grau de incapacidade tanto no momento da notificação quanto no da cura, além de estatísticas de raça, sexo e faixa etária.
Resultados
Houve, entre 2012 e 2021, 20.243 notificações de hanseníase, com uma tendência anual ao decréscimo de novos casos, indo de 2.425 novos casos em 2012 a 1.510 novos casos em 2021. No período de 10 anos, foi constatado que, das 16.293 avaliações de incapacidade válidas feitas no momento da notificação, 66% dos casos tem incapacidade grau 0, 24% tem grau 1 e 10% tem grau 2. Na mesma série, foram descritos, no momento da cura, 10.953 casos com avaliações válidas, sendo 74% deles com incapacidade grau 0, 18% com grau 1 e 8% com grau 2. Além disso, nota-se que os pacientes com maior prevalência de incapacidade no momento de notificação da doença são os de raça preta, com 40%, os homens, com 40%, e os de idade acima de 80 anos, com 53%. Após a cura, verifica-se que a prevalência da incapacidade nesses grupos reduz para 29%, 30% e 42%, respectivamente.
Conclusão
É possível notar uma redução na porcentagem de pacientes com incapacidade após cura da hanseníase, especialmente quanto aos de grau 1, evidenciando um ponto forte do tratamento atual dessa patologia. No entanto, a falta de dados acerca do estado de incapacidade dos pacientes pós-cura em relação ao total de casos prejudicou um melhor entendimento acerca das sequelas deixadas pela hanseníase após sua resolução.
Palavras Chave
Epidemiologia; Hanseníase; Estatísticas de Sequelas e Incapacidade.
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Área
Micobacterioses
Instituições
Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil
Autores
Francisco Luciano Honório Barreto Cavalcante, Leonardo José Rodrigues de Araújo Melo, Francisco Duque de Paiva Giudice Junior, Guilherme Nobre Nogueira , Pedro Vitor Ferreira Rodrigues, Lilian Kriger Ramos de Carvalho, Pedro Robson Sousa Vieira, Lucas Eduardo Lucena Cardoso, Luciana Ferreira Xavier, Francisco de Assis Aquino Gondim