VI Congresso Cearense de Infectologia

Dados do Trabalho


Título

LOBOMICOSE: RELATO DE CASO REFRATARIO AO TRATAMENTO CLINICO ACOMPANHADO EM SERVIÇO DE REFERENCIA

Introdução

A lobomicose, cujo agente etiológico é o fungo Lacazia loboi, é uma infecção crônica granulomatosa de maior incidência nas Américas Central e do Sul, especialmente na bacia do rio Amazonas. A infecção ocorre pela penetração do agente na pele do hospedeiro após lesões traumáticas e atinge o tecido subcutâneo, causando lesões nodulares semelhantes a queloides de progressão lenta.

Objetivo

Relatar um caso de lobomicose acompanhado no ambulatório de micoses do Hospital São José de doenças infecciosas (HSJ), que se mostrou refratário à proposta terapêutica farmacológica atual.

Descrição do caso ou Relato de experiência

Paciente de 71 anos, sexo masculino, atualmente procedente de Fortaleza, mas com histórico de moradia no Pará. Foi internado no HSJ em 2019 para investigação de lesões nodulares cutâneas com aspecto queloidiano (iniciadas em 1998) localizadas em região dorsal e membros, cujo histopatológico confirmou o diagnóstico de lobomicose. Negava comorbidades prévias. O exame anti-HIV foi negativo. No mesmo ano foi iniciado esquema terapêutico com itraconazol 100mg/dia e clofazimina 100mg/dia, sendo acompanhado regularmente no ambulatório de micoses do HSJ. Em novembro de 2021, o paciente retornou ao ambulatório referindo melhora discreta das lesões após o tratamento com itraconazol e clofazimina. No exame físico foram vistas lesões queloidianas pedunculadas e vegetantes em dorso à esquerda, cotovelo direito e coxa esquerda. Em junho de 2022, ainda em tratamento farmacológico, foi submetido à abordagem cirúrgica no serviço de cirurgia da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza com excisão cirúrgica de lesões em MMII, MMSS e dorso, devido à refratariedade do quadro clínico. Em agosto de 2022 retornou para o ambulatório com boa cicatrização das lesões e ausência de recidivas.

Discussão

Ao longo dos anos, vários regimes antifúngicos e antibióticos foram tentados com resultados geralmente insatisfatórios,
ficando aquém da remissão total. Apesar de alguns avanços científicos, é evidente um consenso na literatura de que não existe terapia medicamentosa totalmente eficaz para o tratamento da lobomicose.

Conclusão

Em casos de lobomicose o procedimento cirúrgico é o mais indicado, podendo ser associado a medicações
orais como clofazimina e itraconazol, com a finalidade de evitar recidiva

Palavras-chave

Lobomicose; Lesão queloidiana; Infecção granulomatosa

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Área

Infecções Fúngicas

Instituições

Hospital São José - Ceará - Brasil

Autores

Antônio Mauro Barros Almeida Junior, Alexandra Mano Almeida, Larissa Moura Barbosa, Letícia Estela Cavalcante Sousa, Iury Magalhães Dutra de Melo, Lisandra Serra Damasceno