Dados do Trabalho
Título
ESCAPE VIRAL E COMPARTIMENTALIZAÇAO EM PACIENTE HIV/AIDS COM COMPLICAÇOES NEUROLOGICAS SOB TERAPIA ANTIRRETROVIRAL EFETIVA: UM RELATO DE CASO.
Introdução
A expectativa e a qualidade de vida de pessoas vivendo com o HIV tem aumentado nas últimas décadas devido à terapia antirretroviral (TARV). Entretanto, observou-se que o HIV possui a capacidade de se compartimentalizar em regiões do organismo como o Sistema Nervoso Central (SNC), este atuando como um reservatório onde a cinética viral é mais lenta e as células infectadas sobrevivem por mais tempo, protegidas das respostas imunológicas específicas. Isto pode causar uma diferença na carga viral e a diversidade do HIV entre o sangue periférico e esses compartimentos.
Objetivo
Relatar um caso de escape viral do HIV de um paciente sob TARV efetiva, com repercussão neurodegenerativa, em um Hospital Público de Fortaleza, Ceará.
Descrição do caso ou Relato de experiência
Paciente feminina, 43 anos, com perda ponderal de 20Kg, febre intermitente, diarreia e candidíase, recebeu diagnóstico de infecção pelo HIV-1 em 2003 (Carga Viral de 850.000 cópias/mL) e iniciou TARV com Zidovudina, Lamivudina e Efavirenz. A supressão virológica foi alcançada em 7 meses e mantida até janeiro/2010 quando tornou-se detectável (59 cópias/mL) durante gestação. Desde então, a carga viral em sangue periférico oscilou entre valores não detectáveis e baixos níveis (<2.000 cópias/mL), até o óbito. Apresentou internamentos subsequentes entre 2014 e 2016, com progressão de acometimento do SNC (cefaleia associada a náuseas e vômitos, afasia transcortical e redução da força de membros inferiores, impedindo deambulação). Realizou Ressonâncias Magnéticas (RNM) que sugeriram leucoencefalopatia. Estudo do líquor mostrou PCR negativo para Epstein–Barr e JC vírus. Nenhuma outra afecção oportunista ou coincidente foi diagnosticada. Evoluiu ao óbito, em 2018, em franco quadro de degeneração neurológica e complicações de pneumonia grave.
Discussão
A persistência do HIV no SNC deve-se principalmente à limitada penetração de TARV através da barreira hematoencefálica, favorecendo persistência de replicação, aumento de diversidade genética e sustentação de reservatório viral.
Conclusão
Apesar dos avanços no tratamento dessa infecção, sintomas neurodegenerativos graves relacionados a distúrbios neurocognitivos associados ao HIV (DNAH) ainda contribuem significativamente para a morbidade e mortalidade global.
Palavras-chave
hiv compartimentação reservatório tarv carga viral
Área
HIV-AIDS, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST
Instituições
HSJ - Ceará - Brasil
Autores
Tereza Amanda Bezerra Batista, Larissa Ciarlini, Tayanne Silva Sampaio, Roseline Carvalho Guimarães, Erico Arruda