Dados do Trabalho

Título

ANALISE DO IMPACTO DA PANDEMIA NA DISPENSAÇAO DE MEDICAMENTOS DO ESQUEMA BASICO PARA TUBERCULOSE EM UM HOSPITAL TERCIARIO DA CIDADE DE FORTALEZA

Introdução

A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa negligenciável com alta prevalência no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2021, o Brasil estava entre os trinta países com alta carga de TB, com taxa de incidência de 32,6 em 2020 e era o 12º, entre os 16 países com maior contribuição no deficit global de notificações de TB, sendo responsável por 25% da diminuição de diagnóstico desse agravo em 2020, quando comparado à 2019. Havendo, nesse período, aumento de 26% na taxa de mortalidade. Fortaleza tem a 5º maior taxa de incidência de casos de TB no país, estando a cima da média nacional e estadual.

Objetivo

Avaliar o impacto da pandemia na dispensação de medicamentos e no seguimento dos tratamentos para tuberculose que utilizaram esquema básico (EB) no Hospital São José.

Método

Estudo transversal retrospectivo realizado em um hospital de referência em infectologia do estado, no período de janeiro de 2019 a agosto de 2022. Foram coletados os dados de dispensação de RIPE (Rifampicina+Isoniazida+Pirazinamida+Etambutol) e RI (Rifampicina+Isoniazida), os quais foram analisados utilizando o software Microsoft Office 2016.

Resultados

Os dados demostraram que houve uma redução de 17,34% na dispensação de RIPE e 15,9% na de RI em 2020 comparado a 2019, sendo essa redução mais significativa nos meses de abril e maio de 2020, nos quais houve redução de 64,18% (RIPE) e 5,1% (RI). No ano seguinte, a redução foi de 16,61% (RIPE) e 25,9% (RI), também comparado ao ano de 2019. Em contrapartida, em 2022, nos meses de janeiro a agosto, observou-se um aumento de 9,8% e 10,6% na dispensação de RIPE e RI, respectivamente, quando comparado ao mesmo período de 2019.

Conclusão

A redução na dispensação do EB no período de 2020 a 2021, é decorrente da dificuldade de acesso ao serviço de saúde, devido ao fechamento dos ambulatórios, das recomendações de isolamento social e do grande volume de atendimentos de COVID. Embora, o serviço tenha redirecionado o atendimento dos usuários para a emergência, a fim de suprir a demanda. Essa redução é mais significativa para RIPE, o que demonstra maior prejuízo na inicialização de tratamentos e evidencia o esforço da farmácia para garantir a manutenção dos esquemas em curso, evitando o abandono do tratamento e o desenvolvimento de resistência aos medicamentos de primeira linha. Já em 2022, observou-se aumento na dispensação desses medicamentos, indicando a normalização do serviço e acréscimo dos casos de diagnóstico tardio.

Palavras Chave

Tuberculose , medicamentos de dispensação ambulatorial, COVID19