Dados do Trabalho
Título
FARMACODERMIA DE EVOLUÇAO ATIPICA APOS VACINAÇAO CONTRA A COVID-19 (CHADOX1 NCOV-19) EM PACIENTE PORTADOR DO HIV.
Introdução
O eritema pigmentar fixo (EPF) é uma farmacodermia que geralmente se apresenta como lesão eritematosa arredondada, bem circunscrita e assintomática. As lesões afetam, mais comumente, a face, os membros e a genitália. O EPF surge entre minutos a dias após o contato com o medicamento e tende a regredir espontaneamente, podendo persistir como hiperpigmentação residual violeta-acinzentada. O diagnóstico é clínico, mas testes de provocação ou biópsia cutânea podem ser necessários. Existem relatos de EPF após administração de vacinas contra a covid-19, o que sugere que pode ser desencadeado pela ativação do sistema imune inato.
Objetivo
Relatar um caso provável de EPF relacionado à vacina Oxford/AstraZeneca (ChAdOx1 nCoV-19) em paciente portadora do HIV.
Descrição do caso ou Relato de experiência
Mulher, 49 anos, diagnóstico de HIV em junho/21, em uso de Tenofovir/Lamivudina/Dolutegravir, com carga viral indetectável em agosto/22 e CD4 de 550 em fevereiro/22. Tomou a 1ª dose da vacina AstraZeneca em 16/06/21 e a 2ª em 31/08/21. Avaliada em 01/11/21, com lesão eritematosa na coxa direita iniciada em setembro/21. A lesão era endurecida, com calor e dor à palpação, com suspeita de cisto sebáceo infectado. Apresentava também herpes simples labial. Fez uso de Cefalexina e Aciclovir por 7 dias, com resolução do herpes. Em 30/11/21, tomou a vacina Pfizer-BioNTech e negou piora da lesão. Na consulta em 18/02/22, alegou piora da lesão em coxa direita. Surgiram ainda novas lesões em perna e braço ipsilaterais, avaliadas com dermatologista, evidenciando-se: placa mal delimitada sem flogose em braço direito; 2 placas eritematosas mal delimitadas dolorosas e quentes, com 2 cm e 4 cm na coxa direita. Não havia alteração de sensibilidade térmica ou espessamento neural. Com as hipóteses de eritema nodoso e paniculite, foi realizada biópsia de lesão em coxa direita, evidenciando dermatite de interface vacuolar, sugestivo de eritema pigmentar fixo. Em 23/09/22, paciente não apresentou lesões e optou por não tomar a 4ª dose da vacina.
Discussão
Apesar da evolução atípica, a temporalidade do surgimento em relação à vacinação e a ausência de medicações associadas, junto com os achados histopatológicos, sugere EPF secundário à vacina Oxford/AstraZeneca. Não ter agravado após a vacina Pfizer-BioNTech reforça a hipótese.
Conclusão
O diagnóstico do EPF geralmente é clínico. Um teste provocativo com a droga suspeita pode ser realizado, porém sem indicação neste caso, pois houve melhora espontânea das lesões e a paciente não receberia mais a vacina envolvida.
Palavras-chave
COVID-19, VACINAÇÃO, OXFORD, AZTRAZENECA, REAÇÃO, HIV, SOROPOSITIVO, ERITEMATOSE PIGMENTAR FIXA, ERITEMA, FARMACODERMIA, EVOLUÇÃO ATÍPICA, CHADOX1 NCOV-19,
Área
Miscelânea
Instituições
Universidade de Fortaleza - Ceará - Brasil
Autores
MATHEUS ALVES DE LIMA MOTA, ALANA COSTA SANTANA, MONIQUE ELARRAT CANTO CUTRIM, LETÍCIA VIEIRA BARBOSA, LAÍS VITÓRIA LIMA LINHARES, ERICKA HELLEN SILVA ALMEIDA, ANDRÉ COSTA TEIXEIRA, EMMANUEL PEREIRA BENEVIDES MAGALHÃES, GEYSA MARIA NOGUEIRA FARIAS, RIGOBERTO GADELHA CHAVES