Dados do Trabalho
Título
CORRELAÇAO ENTRE TRANSPLANTE HEPATICO E A ESQUISTOSSOMOSE: UMA SERIE DE CASOS
Introdução
A esquistossomose trata-se de uma doença causada por parasitas do gênero Schistosoma. É mais prevalente em regiões de clima tropical e com situações sociodemográficas de vulnerabilidade, como o cenário do presente estudo. Por vir em uma crescente na região Nordeste e os estudos sobre correlação do transplante hepático e esquistossomose serem escassos, tal resumo foi elaborado.
Objetivo
Analisar o perfil clínico de pacientes transplantados de fígado por esquistossomose em hospital de referência no Ceará.
Método
Estudo transversal, descritivo e analítico, realizado através da coleta de dados de prontuários de pacientes transplantados de fígado e que foram submetidos à biópsia para pesquisa de esquistossomose pós-explante.
Resultados
O presente estudo possui 8 pacientes, sendo 87,5% do sexo masculino (7) e 12,5% do feminino (1). A idade varia entre 28 e 79 anos, sendo a média de 58 anos. Acerca da procedência, 75% são naturais do Ceará (6), 12,5% do Espírito Santo (1) e 12,5% de Sergipe (1). Quanto a comorbidades, 25% (2) são portadores de hipertensão; destes, 50% (1) possuem diabetes mellitus tipo 2 e disfunção renal associados; os outros 75% não relataram comorbidades. Metade dos pacientes (4) apresentava sorologia positiva para infecção prévia por toxoplasmose (3) e/ou citomegalovírus (3). Dentre os pacientes estudados, 37,5% apresentava história prévia de esquistossomose (3), 62,5% tinham suspeita diagnóstica através de ultrassonografia abdominal demonstrando fibrose periportal (4) e 12,5% apresentava diagnóstico comprovado através da biópsia (1). Em relação à classificação de Child-Pugh, 25% dos indivíduos eram C (2) e 75% eram B (6). O Meld variou entre 12 e 25, sendo 50% dos pacientes acima de 20 pontos.
Conclusão
Nota-se que, apesar da esquistossomose não ser endêmica do Ceará, a maioria dos pacientes é natural deste estado. Outrossim, a presença de outras infecções associadas alerta para a falta de condições hidrossanitárias adequadas. Isso ressalta o caráter negligenciado de tais síndromes e a vulnerabilidade social de uma parcela da população. Consequentemente, há vários ônus ao sistema de saúde, por demandar custos mais altos para realização de procedimentos de grande porte, como o transplante em si, além de medicamentos caros e seguimento pelo resto da vida do paciente, impactando muito na sua qualidade de vida. Portanto, urge a ampliação da vigilância epidemiológica, para rastrear e mitigar as mazelas decorrentes dessa doença.
Palavras Chave
Esquistossomose; Transplante; Medicina Tropical
Área
Medicina Tropical e Medicina dos Viajantes
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - Ceará - Brasil
Autores
GABRIELA TORRES ALVES DE CARVALHO, Elodie Bomfim Hyppolito, Pedro Hugo de Sousa Sampaio, Mateus Mendes Santos Freire