VI Congresso Cearense de Infectologia

Dados do Trabalho


Título

CERATITE MICOTICA POR SCEDOSPORIUM SPP. - UM RELATO DE CASO

Introdução

A ceratite fúngica é uma infecção corneana devastadora e é considerada a segunda causa mais comum de cegueira em países em desenvolvimento. Mais de 60 espécies diferentes de fungos foram relatados como causadores de ceratite micótica, Fusarium e Aspergillus são os mais comuns. Scedosporium apiospermum, anteriormente conhecido como Monosporium apiospermum, é um fungo filamentoso oportunista emergente, que pode causar infecções graves – geralmente após implantação traumática – em pacientes imunocomprometidos.

Objetivo

Relatamos o caso de um paciente do sexo masculino, 42 anos, morador da zona urbana do Ceará, referia sensação de corpo estranho em olho direito, dor e prurido.

Descrição do caso ou Relato de experiência

Após cinco dias de sintomas, procurou o pronto atendimento em centro especializado em oftalmologia onde, ao exame biomicroscópico, foi observado edema palpebral, hiperemia palpebral e lesão corneana em olho direito. Foi optado pelo tratamento empírico com moxifloxacino, porém não foi observada melhora clínica. Após cinco dias, o paciente retornou ao pronto atendimento, o uso de moxifloxacino foi suspenso e foi prescrita antibioticoterapia ocular com ceftazidima e vancomicina.

Discussão

O resultado da pesquisa de fungos reportou presença de numerosas hifas hialinas septadas. A partir de então, anfotericina B foi acrescentada ao esquema terapêutico. A evolução foi satisfatória em olho esquerdo, mostrando boa resposta ao tratamento. Após 22 dias do início do tratamento com o antifúngico foi observado ao exame biomicroscópico olho hiperemiado, córnea com lesão cicatricial, hipostransparente e paracentral. A cultura em ágar Sabouraud dextrose, Sabouraud cloranfenicol e Sabouraud cloranfenicol e gentamicina mostrou colônias de rápido crescimento, textura algodonosa, de coloração acinzentada no verso e castanho no reverso. A análise micromorfológica mostrou hifas hialinas ramificadas e conídios ovóides, de coloração acastanhada, sugestivo de Scedosporium apiospermum. Foi realizada identificação molecular através da amplificação e sequenciamento de região ITS situada entre as subunidades maior e menor do RNA ribossomal. Os antibióticos foram suspensos e anfotericina B foi mantida por 15 dias adicionais, até a cura clínica do paciente.

Conclusão

O presente caso reforça o papel do S. apiospermum como agente subestimado de ceratite em paciente imunocompetente em nosso país e revela a importância da pesquisa micológica para a definição da etiologia envolvida.

Palavras-chave

Ceratite. Úlcera de córnea. Ceratomicose. Scedosporium spp.

Você faz parte de algum grupo de pesquisa? Se SIM, favor informar o nome abaixo.

Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Médica da Universidade Federal do Ceará

Área

Infecções Fúngicas

Instituições

Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

EDLANY Pinho Romão MILANEZ, Pedro de Freitas Santos Manzi de Souza, Livia Maria Galdino Pereira, Fernando Victor Monteiro Portela, Marilia de Freitas Chaves, Rossana de Aguiar Cordeiro