Dados do Trabalho

Título

CRIPTOCOCOSE PULMONAR MIMETIZANDO NEOPLASIA DE PULMAO EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE

Introdução

A criptococose é uma infecção fúngica causada pelo complexo de espécies do gênero Cryptococcus. Apesar da existência de muitas espécies, o complexo Cryptococcus neoformans e o C. gattii são os que mais apresentam relevância clínica, sendo o primeiro relacionado à infecção em hospedeiros imunossuprimidos, e o último em imunocompetentes. A transmissão do fungo se dá pela inalação de basidiósporos presentes nas fezes de pombos e espécies vegetais dos climas tropical e subtropical.

Objetivo

Discutir o diagnóstico de criptococose pulmonar a partir de um relato de caso em um paciente admitido em 2022 no Hospital São José de Doenças Infecciosas, em Fortaleza-CE.

Descrição do caso ou Relato de experiência

Homem, 47 anos, caminhoneiro, dá entrada no serviço de saúde por queixa de dor torácica não ventilatório-dependente, que se iniciou em junho/2021, na região escapular à direita. Tabagista (100-120 maços-ano), sem outras comorbidades. Relatava contato com poeira de cimento, plantação de eucalipto e fezes de pombo. Em julho/2021, realizou tomografia de tórax que evidenciou massa pulmonar em lobo médio do pulmão direito. Paciente foi encaminhado para o serviço de Cirurgia Torácica, por suspeita de neoplasia. Em fevereiro/2022, o paciente foi submetido à segmentectomia com congelação seguida de lobectomia. Exame histopatológico da peça cirúrgica evidenciou nódulos inflamatórios com necrose coagulativa central, e periferia envolta por tecido de granulação e fibroplasia de origem infecciosa. Presença de fungos com formas esféricas e ovaladas, sugestivas de Cryptococcus spp. foram visualizadas. Em consulta realizada após a cirurgia, o paciente realizou punção lombar para avaliar neurocriptococose. Não foram observadas alterações citobioquímicas no líquor e a cultura para fungos foi negativa. Iniciada terapia com fluconazol 450mg/dia. Paciente evoluiu com boa clínica e resolução do quadro.

Discussão

Estudos sugerem a associação específica entre o C. gatti e árvores de Eucalyptus camaldulensis, bem como a maior frequência desta espécie em imunocompetentes. Sabe-se que o pulmão é o órgão alvo primário das micoses sistêmicas, e que indivíduos imunocompetentes, em geral, não desenvolvem a doença. O acometimento pulmonar depende da quantidade de fungos inalados, da virulência da cepa e da imunidade do hospedeiro.

Conclusão

Infecções fúngicas podem simular neoplasias em áreas endêmicas. A história epidemiológica de exposição a micro-nichos de Cryptococcus spp. pode ajudar na suspeita diagnóstica em indivíduos com nódulos ou massas pulmonares.

Palavras-chave

Criptococose; Neoplasia; Pulmonar; Imunocompetente.