Dados do Trabalho
Título
ENDOCARDITE EM FIO DE MARCA-PASSO: UM RELATO DE CASO
Introdução
Endocardite infecciosa (EI) associada a dispositivos cardíacos é um desafio diagnóstico e terapêutico, uma vez que apresenta sinais e sintomas inespecíficos. A identificação e o tratamento tardios pioram o seu prognóstico.
Objetivo
Descrever um caso de EI em fio de marca-passo permanente sem acometimento simultâneo de estruturas cardíacas.
Descrição do caso ou Relato de experiência
Paciente masculino, 20 anos, com Tetralogia de Fallot corrigida, com marcapasso definitivo há 7 anos, port-a-cath inativo em tórax para tratamento de Linfoma de Hodgkin há 2 anos e em fototerapia para micose fungóide. Foi admitido com febre, calafrio, de início há 1 dia, cianose em lábios e extremidades e tosse produtiva. TC de tórax mostrou vidro fosco, indicando processo inflamatório/infeccioso e ECO sem vegetações. Iniciou Tazobactam/Piperacilina + Acetilcisteína por suspeita de bronquiectasia infectada. Melhorou da tosse e dispneia, mas persistiu com febre, calafrios, náuseas e vômitos. Urocultura foi negativa e USG de partes moles sem sinais de inflamação ou infecção em port-a-cath. Foi escalonado antibiótico para Meropenem após 3 dias. Evoluiu com picos febris e, no quarto dia de internação (DI), associou-se Vancomicina e Gentamicina por risco de endocardite devido a histórico de correção de cardiopatia congênita com próteses valvares. Hemoculturas do primeiro e sexto DI evidenciaram Staphylococcus epidermidis oxaR. Paciente tornou-se afebril após o sexto dia do novo esquema antimicrobiano. Novo ECO, no décimo sexto DI, evidenciou vegetação no fio do marca-passo, sem comprometimento de estruturas cardíacas ou prótese valvar. Após 4 semanas, a Vancomicina foi trocada por Teicoplanina por piora da função renal. Paciente evoluiu bem clinicamente e com melhora da função renal. Foi indicada a troca do marca-passo por persistência da vegetação, apesar da terapia antimicrobiana precoce e adequada.
Discussão
EI de dispositivos implantados são condições de difícil diagnóstico, pois o ECO é menos acurado nesses casos. A mortalidade pode chegar a 35%. No caso apresentado, o tratamento iniciado precocemente, baseado nos fatores epidemiológicos e na clínica do paciente, foi condição essencial para garantir uma evolução satisfatória.
Conclusão
Diante de uma forte suspeita de EI relacionada a dispositivos cardíacos, o início precoce de antimicrobiano adequado e a repetição de exames ecocardiográficos podem contribuir para a elucidação do diagnóstico e controle da infecção, melhorando o prognóstico do paciente.
Palavras-chave
Endocardite; Endocardite Bacteriana; Marca-passo artificial
Área
Infecções Bacterianas
Instituições
Unifor - Ceará - Brasil
Autores
Anne Rafaelle Linhares Moreno, Gabriela Silva Bastos, Sarah Teixeira Almeida, Gabriel Sampaio de Melo Barbosa, José Gladstone Castro Neto, Mariana Mota Moura Fé, Lara Gurgel Fernandes Távora