VI Congresso Cearense de Infectologia

Dados do Trabalho


Título

DESDOBRAMENTOS DAS (IM)POSSIBILIDADES DE EFETIVAR UM OLHAR INTEGRAL PARA ALEM DO DIAGNOSTICO DE HIV: O (IN)VISIVEL, O MODO SILENCIOSO DE VIVER/MORRER E A PASSAGEM AO ATO.

Introdução

Numa lógica de atenção em que os órgãos sobrepõem suas vozes não há espaço para o sujeito, mas apenas para a doença e inviabilizam-se os cuidados necessários ancorados na integralidade que considera indissociáveis aspectos psíquicos e orgânicos. A escuta de pessoas sejam as que chegam ao hospital buscando a testagem para o HIV ou que vivem plurais lutos após a comunicação diagnóstica reagente, reverberando inclusive na adesão ao tratamento mesmo após anos, evidencia terrores que engendram vidas em silêncio que, por vezes, culminam em atos autolesivos numa tentativa de dar conta do que muitas vezes se torna irrepresentável para o sujeito.

Objetivo

Dar visibilidade aos sofrimentos que pertencem aos senti(dores) e que não encontram validação no modelo assistencial engessado e seus desdobramentos para as pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA).

Descrição do caso ou Relato de experiência

Através da escuta ética e implicada durante atendimentos psicológicos identificou-se que apesar dos inúmeros avanços científicos, os estigmas predominam no discurso e, por vezes, numa postura de paralisação dos sujeitos com estado sorológico positivo para HIV. O ouvir que não captura, mas atravessa fases distintas desse processo de luto desde a comunicação, passando por seguimentos entremeados por falha na adesão e inclusive o acompanhamento de casos agravados nas unidades de internação faz emergir a constatação de que o diagnóstico de HIV mantém-se imbricado a uma perspectiva de morte simbólica e real.

Discussão

Corroborando com a literatura que elucida que o risco de suicídio em pacientes infectados pelo HIV é três vezes maior do que na população geral e que as comorbidades psiquiátricas são os principais fatores de risco para o suicídio, o desenvolvimento da escuta por profissional de Psicologia ressalta que à comunicação diagnóstica, em grande parte dos casos, segue um adentrar em um continuum de denso sofrimento psíquico que muitas vezes desemboca em ideações suicidas e, em outros, atingem a passagem ao ato enaltecendo o entrelaçamento entre o sofrimento vivido enquanto insuportável e comportamentos suicidas.

Conclusão

As condições de elaboração do diagnóstico de HIV estão associadas ao aumento das vulnerabilidades aos comportamento(s) suicida(s) o que nos convoca a um olhar ético e comprometido com intervenções direcionadas à investigação de risco de suicídio e manejo responsável longitudinal e interprofissional. Neste cenário, a psicóloga contribui através da oferta de espaços de escuta ao sofrimento e de costuras com os demais atores da equipe.

Palavras Chave

HIV, suicídio, manejo, ética, psicologia

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Área

HIV-AIDS, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST

Instituições

Hospital São José - Ceará - Brasil

Autores

Sara Lavor Fernandes