Dados do Trabalho

Título

PERFIL CLINICO-EPIDEMIOLOGICO DOS PACIENTES INTERNADOS POR LEISHMANIOSE VISCERAL DURANTE A PANDEMIA PELO COVID-19 EM HOSPITAL DE REFERENCIA EM DOENÇAS INFECCIOSAS, EM FORTALEZA-CE.

Introdução

A leishmaniose visceral (LV), também conhecida como calazar, é uma zoonose crônica e sistêmica. Tem elevada incidência no Nordeste brasileiro, com relativa alta letalidade, principalmente em indivíduos não tratados, imunossuprimidos como os PVHIV e crianças desnutridas. Dados acerca dos internamentos por LV durante o período de pandemia pelo COVID-19 são escassos. Estudos envolvendo essa doença infecciosa se mostram de grande valia para o entendimento no seu manejo.

Objetivo

Descrever o perfil epidemiológico e o desfecho dos pacientes internados por LV em um hospital terciário de doenças infecciosas no Ceará.

Método

Trata-se de um estudo transversal retrospectivo, baseado em dados secundários, que foram selecionados através do banco de dados do SINAN NET de casos confirmados de LV, no período de 20 de Junho de 2021 a 20 de Junho de 2022.

Resultados

Foram notificados 104 casos confirmados de LV, no qual 64 casos no ano de 2021, e 40 casos no ano de 2022. Um total de 87 (84%) são dos sexos masculino, com faixa etária entre 15-19 (n=6), 20-34 (n=29), 35-49 (n=18), 50-64 (n=18), 65-79 (n=7). Os municípios de origem foram Fortaleza (n=51), Maracanaú (n=9), Caucaia (n=5), Quixadá (n=4), Horizonte (n=3), Itapipoca (n=3), São Gonçalo do Amarante (n=2), Quixeramobim (n=2), Boa Viagem (n=2), Aquiraz (n=1), Aracati (n=1), Arneiroz (n=1), Barro (n=1), Canindé (n=1), Chorozinho (n=1), Eusébio (n=1), Guaiúba (n=1), Icó (n=1), Iguatu (n=1), Itaitinga (n=1), Itatira (n=1), Madalena (n=1), Maranguape (n=1), Pacatuba (n=1), Paracuru (n=1), Paraipaba (n=1), Parambu (n=1), Pedra Branca (n=1), Pentecoste (n=1), Redenção (n=1), Tururu (n=1), Umirim (n=1). Co-infecção com HIV foi descrita em 47 (45%) casos; HIV foi negativo em 43 (41%) casos; exame não foi realizado em 13 (13%) casos. As drogas iniciais utilizadas foram Anfotericina B lipossomal (n=76), Antimonial Pentavalente (n=25), Anfotericina B (n=3). Um total de 49 pacientes evoluíram para cura, 3 abandonaram tratamento. Sete óbitos aconteceram por LV, três óbitos por outras causas e quatro pacientes foram transferidos.

Conclusão

Observou-se uma predominância do sexo masculino, pacientes com coinfecção HIV (PVHIV) e faixa etária de 20 a 34 anos. A droga mais utilizada foi Anfotericina B Lipossomal provavelmente devido ao grande número de PVHIV. Apesar da pandemia, foi evidenciado número considerável de pacientes internados por LV. Uma limitação deste estudo é que não foram acessados os dados acerca de coinfecção HIV/Covid-19.

Palavras Chave

Leishmaniose Visceral; Perfil Epidemiológico; Covid-19; Atenção à Saúde.

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Área

Medicina Tropical e Medicina dos Viajantes